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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Como Era a Higiene (ou a Falta Dela) na Idade Média

Nos filmes de Hollywood vemos nobres abastados e belas damas maquiadas, penteadas e cheias de jóias, vestindo túnicas pulcras e branquinhas. Tudo fachada, pois como já lemos no artigo "O passado, em verdade, foi uma época que nenhum de nós gostaria de viver", entre a queda do Império Romano, lá pelo ano 476, até a descoberta da América, em 1492, a higiene pessoal não era considerada uma prioridade.

Os médicos achavam que a água, sobretudo quente, debilitava os órgãos, deixava o corpo exposto a ares insalubres e que se penetrasse através dos poros podia transmitir todo tipo de doenças. Inclusive começou a estender a ideia de que uma camada de sujeira protegia contra as doenças e que, portanto, o asseio pessoal devia ser realizado "a seco", só com uma toalha limpa para esfregar as partes visíveis do organismo.

Os médicos recomendavam que as crianças limpassem o rosto e os olhos com um trapo branco para limpar o sebo, mas não muito para não retirar a cor "natural" (encardida) da tez. Na verdade, os galenos consideravam que a água era prejudicial à vista, que podia provocar dor de dentes e catarros, empalidecia o rosto e deixava o corpo mais sensível ao frio no inverno e a pele ressecada no verão. Ademais, a Igreja condenava o banho por considerá-lo um luxo desnecessário e pecaminoso.

A falta de higiene não era um costume de pobres, a rejeição pela água chegava aos estratos mais altos da sociedade. As damas mais entusiastas do asseio tomavam banho, quando muito, duas vezes ao ano, e o próprio rei só o fazia por prescrição médica e com as devidas precauções.

Os banhos, quando aconteciam, eram tomados em uma tina enorme cheia de água quente. O pai da família era o primeiro em tomá-lo, logo os outros homens da casa por ordem de idade e depois as mulheres, também por ordem de idade. Enfim chegava a vez das crianças e bebês que podiam se perder dentro daquela água suja. Não é à toa que as crianças tinham grande desgosto em tomar banho.

Tudo era reciclado. Tinha gente dedicada a recolher os excrementos das fossas para vendê-los como esterco. Os tintureiros guardavam urina em grandes tinas, que depois usavam para lavar peles e branquear telas. Os ossos eram triturados para fazer adubo. O que não se reciclava ficava jogado na rua, porque os serviços públicos de limpeza urbana e saneamento não existiam ou eram insuficientes. As pessoas jogavam seu lixo e dejetos em baldes pelas portas de suas casas ou dos castelos. Imagine a cena: o sujeito acordava pela manhã, pegava o pinico e jogava ali na sua própria janela.

O mau cheiro que as pessoas exalavam por debaixo das roupas era dissipado pelo leque. Mas só os nobres tinham lacaios que faziam este trabalho. Além de dissipar o ar também servia para espantar insetos que se acumulavam ao seu redor. O príncipe dos contos de fadas fedia mais do que seu cavalo.

Na Idade Média a maioria dos casamentos era celebrado no mês de junho, bem no começo do verão boreal. A razão era simples: o primeiro banho do ano era tomado em maio; assim, em junho, o cheiro das pessoas ainda era tolerável. De qualquer forma, como algumas pessoas fediam mais do que as outras ou se recusavam a tomar banho, as noivas levavam ramos de flores, ao lado de seu corpo nas carruagens para disfarçar o mau cheiro. Tomou-se, então, costume celebrar os casamentos em maio, depois do primeiro banho. Hoje é considerado como mês das noivas e dali nasceu a tradição do ramo de flores das noivas.

Nos palácios e casas de família a existência dos banheiros era praticamente nula, nem "casinha" existia. Quando a necessidade imperava, o fundo do quintal ou uma moita eram escolhidos segundo a preferência. Não era incomum também ver alguém cagando nas ruas. Os sistemas de esgoto ainda não existiam; portanto as cidades medievais eram verdadeiros depósitos de lixo e excremento. Grandes metrópoles como Londres ou Paris podiam ser consideradas naquele tempo como alguns dos lugares mais sujos do mundo.

Os mais ricos tinham pratos de estanho. Certos alimentos oxidavam o material levando muita gente a morrer envenenada, sem saber o porquê. Os tomates, muito ácidos, provocavam este efeito e passaram a ser considerados tóxicos durante muito tempo. Com os copos ocorria a mesma coisa: o contato com uísque ou cerveja fazia com que as pessoas entrassem em um estado de narcolepsia produzido tanto pela bebida quanto pelo estanho. Alguém que passasse pela rua e visse alguém neste estado podia pensar que estava morto e logo preparavam o enterro. O corpo era colocado sobre a mesa da cozinha durante alguns dias, enquanto a família comia e bebia esperando que o "morto" voltasse à vida ou não. Foi daí que surgiu o costume de beber o morto e mais tarde o velório feito hoje junto ao cadáver.

O Rei Henrique VIII, famoso por romper com a Igreja Romana e por ter se casado seis vezes, tinha mais de 200 empregados que lhe serviam como cozinheiros, carregadores, abanadores, etc. Mas os serventes com a pior das sortes eram aqueles que deviam cuidar das "necessidades" do rei: tinham que despiolhá-lo uma vez ao dia, limpar sua bunda depois que fizesse suas necessidades e lavar suas partes íntimas enquanto o rei permanecia sentado e inclusive, quando a rainha estava grávida e o monarca sentia certas necessidades, um dos serviçais -homem ou mulher- devia "bater uma" para o rei. Isto, por suposto, era feito na frente de várias pessoas, que depois do "ato" trocavam suas roupas.

A absurda falta de higiene da Idade Média
No entanto, mesmo diante desta porquice toda, quando um nobre viajante ou qualquer membro da nobreza se apresentava ante o rei ou a rainha, devia inclinar em sinal de veneração, e se por acaso esta pessoa nesse exato momento tivesse a má sorte de deixar escapar um "peidinho" em frente do monarca, a pena era o desterro. Ele era enviando para longe e sem poder regressar por 7 anos, isso se o rei decidisse que podia voltar. Isto muito provavelmente originou a vergonha e desaprovação de peidar na frente dos outros, pese que seja um ato natural comum a todos os mamíferos.

Fonte: Quase 1.000 dados nojentos: para saber que este mundo é imundo.


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