Existe
uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais
rara: a elegância do comportamento.
É
um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do
que dizer um simples obrigado.
É
a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e
que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem
fotógrafos por perto.
É
uma elegância desobrigada.
É
possível detecta-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam, nas que
escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas
maldades ampliadas no boca a boca.
É
possível detecta-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se
dirigir a frentistas, nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque
não sentem prazer em humilhar os outros.
É
possível detecta-la em pessoas pontuais.
Elegante
é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora
das datas festivas, e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que
pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.
Oferecer
flores é sempre elegante.
É
elegante você fazer algo por alguém e este alguém jamais saber disso...
É
elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.
É
muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.
É
elegante o silêncio, diante de uma rejeição.
Sobrenome,
jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.
Não
há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo.
É
elegante a gentileza...
Atitudes
gentis, falam mais que mil imagens.
Abrir
a porta para alguém... é muito elegante.
Dar
o lugar para alguém sentar... é muito elegante.
Sorrir
sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma...
Olhar
nos olhos ao conversar é essencialmente elegante.
Pode-se
tentar capturar esta delicadeza pela observação,
Mas
tentar imita-la é improdutiva.
A
saída é desenvolver a arte de conviver, que independe de status social: é só
pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que “com amigo não tem que
ter estas frescuras”.
Educação
enferruja por falta de uso.
E,
detalhe: não é frescura.
(Martha
Medeiros)
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