por
Redação do Diário da Saúde
Quem
já tocou em uma orquestra está familiarizado com o fenômeno: o impulso para
suas próprias ações parece vir não de sua própria mente de forma isolada, mas
parece ser controlado pela atividade coordenada do grupo.
E,
de fato, quando duas pessoas tocam juntas, formam-se “redes intercerebrais”,
que conectam os dois cérebros para que ambos funcionem como uma única rede
“diencefálica”.
Isto
acaba de ser demonstrado por cientistas do Instituto Max Planck para o
Desenvolvimento Humano, em Berlim (Alemanha).
Os
cientistas usaram eletrodos para monitorar as ondas cerebrais de guitarristas
tocando em duetos.
Eles
também observaram diferenças significativas na atividade cerebral dos músicos,
dependendo de se os músicos lideravam a dupla ou acompanhavam a música tocada
pelo seu companheiro.
Música
conecta cérebros
Quando
os guitarristas tocam em dueto, a atividade de suas ondas cerebrais se
sincroniza – isso foi descoberto em 2009 pela mesma equipe.
Mas
agora os cientistas alemães foram um pouco mais longe do que isso.
Seu
objetivo era descobrir se a sincronização das ondas cerebrais ainda ocorreria
quando dois guitarristas não estão tocando exatamente as mesmas notas.
Isso
seria incompatível com a hipótese corrente de que as similaridades na atividade
cerebral entre os dois guitarristas devem-se inteiramente à percepção dos
mesmos estímulos ou à realização dos mesmos movimentos.
E
a hipótese de fato caiu por terra, sugerindo algo muito mais espetacular: a de
que os dois cérebros se sincronizam para dar suporte à coordenação interpessoal
da ação a ser empreendida, ou seja, tocar a música.
Ondas
delta
A
diferença entre o líder e o acompanhante também se refletiu na atividade
elétrica captada pelos eletrodos.
“No
músico que liderava, a sincronização das ondas cerebrais medida em um único
eletrodo foi mais forte, e já estava presente antes que o dueto começasse a
tocar,” conta Johanna Sänger, idealizadora do estudo.
Isto
foi particularmente verdadeiro para as ondas delta, que se situam na faixa de
frequências abaixo dos quatro Hertz. “Isso pode ser um reflexo da decisão do
líder para começar a tocar,” sugere Sänger.
Rede
entre cérebros diferentes
Os
cientistas também analisaram a coerência entre os sinais dos diferentes
eletrodos ligados à cabeça dos músicos.
O
resultado foi notável:
Quando
os músicos tiveram que coordenar ativamente a forma como tocavam, o que
acontece principalmente no início de uma sequência, os sinais dos eletrodos
frontais e central ficaram claramente associados – não apenas na cabeça de um
dos músicos, mas igualmente entre as cabeças dos dois parceiros.
“Quando
as pessoas coordenam as ações uma com a outra, formam-se pequenas redes dentro
do cérebro e, notavelmente, entre os cérebros, em especial quando as atividades
devem ser precisamente alinhadas no tempo, por exemplo, no início de uma peça,”
diz Johanna Sanger.
Os
dados indicam, assim, que as “redes diencéfalo” – ou redes entre cérebros –
conectam áreas de ambos os cérebros associadas com a cognição social e com a
produção musical.
Sincronia
interpessoal
E
os cientistas acreditam que essas redes intercerebrais não ocorram apenas
durante a execução de músicas.
“Nós
assumimos que as ondas cerebrais de pessoas diferentes também se sincronizam
quando as pessoas coordenam suas ações de outras maneiras, como durante a
prática de esportes, ou quando elas se comunicam uma com a outra,” diz Sänger.
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