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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Namore Um Cara Que Lê

Por Bruno Palma
Namore um cara que se orgulha da biblioteca que tem, ao invés do carro, das roupas ou do penteado. Ele também tem essas coisas, mas sabe que não é isso que vai torná-lo interessante aos seus olhos.

Namore um cara que tenha uma pilha de três ou quatro livros na cabeceira e que lembre do nome da professora que o ensinou as primeiras letras.

Encontre um cara que lê. Não é difícil descobrir: ele é aquele que tem a fala mansa e os olhos inquietos. Ele é aquele que pede, toda vez que vocês saem para passear, para entrar rapidinho na livraria, só para olhar um pouco. Sabe aquele que às vezes fica calado porque sabe que as palavras são importantes demais para serem desperdiçadas?

Esse é o que lê.

Ele é o cara que não tem medo de se sentar sozinho num café, num bar, num restaurante. Mas, se você olhar bem, ele não está sozinho: tem sempre um livro por perto, nem que seja só no pensamento. O rosto pode ser sério, mas ele não morde, não. Sente-se na mesa ao lado, estique o olho para enxergar a capa, sorria de leve. É bem fácil saber sobre o quê conversar.

Diga algo sobre o Nobel do Vargas Llosa. Fale sobre sobre as novas traduções que andam saindo por aí. Cuidado: certos best-sellers são assunto proibido. Peça uma dica. Pergunte o que ele está lendo –e tenha paciência para escutar, a resposta nunca é assim tão fácil.

Namore um cara que lê, ele vai entender um pouco melhor seu universo, porque já leu Simone, Clarice e –talvez não admita– sabe de memória uns trechos de Jane Austen. Seja você mesma, você mesmíssima, porque ele sabe que são as complicações, os poréns que fazem uma grande heroína. Um cara que lê enxerga em você todas as personagens de todos os romances.

Um cara que lê não tem pressa, sabe que as pessoas aprendem com os anos, que qualquer um dos grandes tem parágrafos ruins, que o Saramago começou já velho, que o Calvino melhorou a cada romance, que o Borges pode soar sem sentido e que os russos precisam de paciência.

Um namorado que lê gosta de muita coisa, mas, na dúvida, é fácil presenteá-lo: livro no aniversário, livro no Natal, livro na Páscoa. E livro no Dia das Crianças, por que não? Um cara que lê nunca abandonará uma pontinha de vontade de ser Mogli, o menino lobo.

E você também ganhará um ou outro livro de presente. No seu aniversário ou no Dia dos Namorados ou numa terça-feira qualquer. E já fique sabendo que o mais importante não é bem o livro, mas o que ele quis dizer quando escolheu justo esse. Um cara que lê não dá um livro por acaso. E escreve dedicatórias, sempre.

Entenda que ele precisa de um tempo sozinho, mas não é porque quer fugir de você. Invariavelmente, ele vai voltar –com o coração aquecido– para o seu lado.

Demonstre seu amor em palavras, palavras escritas, falas pausadas, discursos inflamados. Ou em silêncios cheios de significados; nem todo silêncio é vazio.

Ele vai se dedicar a transformar sua vida numa história. Deixará post-its com trechos de Tagore no espelho, mandará parágrafos de Saint-Exupéry por SMS. Você poderá, se chegar de mansinho, ouví-lo lendo Neruda baixinho no quarto ao lado. Quem sabe ele recite alguma coisa, meio envergonhado, nos dias especiais. Um cara que lê vai contar aos seus filhos a História Sem Fim e esconder a mão na manga do pijama para imitar o Capitão Gancho.

Namore um cara que lê porque você merece. Merece um cara que coloque na sua vida aquela beleza singela dos grandes poemas. Se quiser uma companhia superficial, uma coisinha só para quebrar o galho por enquanto, então talvez ele não seja o melhor. Mas se quiser aquela parte do “e eles viveram felizes para sempre”, namore um cara que lê.

Ou, melhor ainda, namore um cara que escreve.

Baseado em "Namore uma garota que lê", escrito pela Rosemary Urquico e traduzido e adaptado para o português por Gabriela Ventura e pode ser lido aqui: 
http://quinasecantos.wordpress.com/2011/04/28/prato-do-dia-namore-uma-garota-que-le-rosemary-urquico/


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Minúsculo Dicionário Português X Português

Por Sergio Pakua
Uma das coisas mais divertidas em Portugal é ver a diferença entre o português que se fala aqui e o que é usado lá.

Usam com frequência o “S” com som de “X”. Também costumam falar as palavras terminadas em consoante com uma vogal no final, por exemplo: o que estás a fazere?

Não costumam usar o gerúndio, como, por exemplo, “estou fazendo” – eles sempre falam “estou a fazer”. Claro que eles entendem se você usa, mas acham estranho.

Glossário:
Agua gelada – Agua fresca

Alô (atender telefone) – Estou

Aluguel – Aluguer

Apelido – Alcunha

Banheiro – Casa de banho

Camiseta – Camisola (roupa de inverno e quente) ou T-Shirt camisa de manga curta)

Canudinho – Palhinha

Cara (gíria) – Gajo

Celular – Telemóvel

Criança – Miúdo ou Puto (calão)

Cupom – Cupão

Faixa de pedestre – Passadeira

Fila – Bicha

Impostos – Propinas

Legal (gíria) – Fixe, Giro, Porreiro, Muito fixe, Bué fixe

Lugar – Sítio

Ônibus – Autocarro

Sanduiche – Sandes

Sobrenome – Sobrenome ou Apelido

Suco – Sumo

Tela – Écran. Existe a tela para pintura de quadros

Terno – Fato

Trem – Comboio

Vermelho – Encarnado

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Teísmos e Ateísmos

Por Rafael Arrais
o longo de vários anos participando e observando discussões filosóficas e religiosas, pude observar que, muitas e muitas vezes, as pessoas se digladiam muito mais por não conseguirem compreender o que a outra efetivamente pensa, do que por qualquer outro motivo mais importante. Usualmente, o que causa esse tipo de desentendimento é o fato de que alguns termos – particularmente os que englobam a crença ou descrença em um Criador – são compreendidos de maneiras diversas pelas pessoas.

Por exemplo, para alguns um ateu é alguém que afirma categoricamente que Deus não existe (seja quem ou o que for). Para outros – incluindo ateus – o ateísmo não chega a fazer tal afirmação.


Para alguns atenienses Sócrates era ateu, embora ele estivesse um tanto longe disso, tanto que mais tarde sua filosofia influenciou decisivamente um grande teísta: Sto. Agostinho. Já Epicuro dizia não se preocupar com os afazeres dos deuses – e também foi taxado de ateu. Dizem que Einstein acreditava no “deus de Espinosa”, mas seria esse deus o mesmo deus do Antigo Testamento? Richard Dawkins deixa claro que não, e em seu polêmico Deus, um delírio se dedica a atacar apenas o deus bíblico, e não a concepção panteísta do Cosmos. Confuso, não?

Para tentar auxiliar em tantas definições, teísmos, ateísmos e outros “ismos”, elaborei um pequeno glossário de termos abaixo, que é propositadamente curto – e, obviamente, não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas apenas de ajudar a resolver melhor alguns debates. Comece perguntando: “que tipo de ismo você segue exatamente, afinal?”, antes de ter certeza do que exatamente o outro crê ou não crê…

Teísmo
O teísmo, derivado do grego Théos (Deus), é a crença na existência de um ou mais deuses. No politeísmo acredita-se em diversos deuses, mas no henoteísmo, apesar de admitir-se a existência de um panteão, há também um Deus supremo, criador do Cosmos. No monoteísmo reduz-se a divindade a apenas um único ser supremo, usualmente taxando outros deuses de semideuses, divindades ou demônios (do grego daemon) – que em certas doutrinas também podem assumir o papel de intermediários entre os homens e o Deus supremo.


O teísmo filosoficamente deriva diretamente do antigo questionamento: “porque afinal existe algo, e não nada?” – Que por sua vez remete a crença em uma espécie de ser consciente (embora não necessariamente um velho barbudo ou um avatar profético) que arquitetou todo o Cosmos. Pode ser, talvez, resumido como “a crença em um Criador pessoal”.


A grande maioria dos teístas também compartilha a crença de que Deus não somente pode intervir diretamente (e, usualmente, de forma sobrenatural) nos eventos da existência humana, como também pode transmitir revelações e segredos cósmicos através de profetas, sonhos e experiências religiosas em geral.

Creem em uma causa primeira: sim.
Creem em um Criador pessoal: sim.
Creem em intervenções sobrenaturais: quase sempre sim.
Creem em revelações divinas e dogmas: sim.

Deísmo
O deísmo tem suas raízes nos antigos filósofos gregos e, sobretudo, na doutrina aristotélica da “primeira causa”. Voltou a florescer no Iluminismo, sobretudo através de Galileu, Newton, Voltaire e outros. No deísmo admite-se que o Cosmos não é obra do acaso, e que portanto deva existir um Criador. Porém, os deístas creem que é papel do homem se aproximar de Deus através da razão, e não o contrário. Em suma, os deístas negam as revelações divinas e têm uma concepção naturalista do Cosmos, usualmente negando também a possibilidade de intervenções sobrenaturais.


Os deístas creem em um relojoeiro que sabia enxergar muito bem, tão bem que arquitetou todo o Cosmos de forma magistral. Tão perfeita, que lhe é mesmo desnecessário intervenções específicas. Conforme disse uma vez Voltaire a uma senhorita: “Minha senhora, acredito em uma providência geral, mas não numa providência particular que salvou o seu pássaro que estava machucado”.

Creem em uma causa primeira: sim.
Creem em um Criador pessoal: geralmente sim.
Creem em intervenções sobrenaturais: quase sempre não.
Creem em revelações divinas e dogmas: não.

Panteísmo (ou “espinosismo”)
O panteísmo associa o conceito de Deus ao próprio Cosmos: a totalidade de todas as coisas no universo, na natureza. Einstein dizia que havia duas formas de se enxergar a vida: uma é pensar que não existem milagres, a outra é conceber tudo a sua volta como um milagre. Obviamente, Einstein queria dizer que as próprias leis naturais, a própria simetria e harmonia do Cosmos, eram em si mesmas um milagre persistente – ao menos para aqueles que tinham olhos para ver.
Essa concepção de Cosmos remonta novamente a Grécia antiga, sobretudo aos estoicos. E foi bebendo dessa fonte que Benedito Espinosa concebeu a Deus como “a substância que não pode criar a si mesma, mas que gerou tudo o mais a partir de si”. Esta é uma bela síntese para um questionamento ancestral, e exatamente por isso Espinosa é até hoje tão admirado (apesar de ter sido excomungado do judaísmo, sob a acusação curiosa de ateísmo).
Se no início de sua Ética Espinosa engendra o conceito de Deus de forma “geométrica e precisa”, é preciso se aventurar no restante do livro para perceber que o filósofo holandês também acreditava que esse tal Deus era capaz de nos trazer profunda felicidade existencial, sobretudo quando alinhamos nossa intuição com a “vontade do Cosmos”. Era esse deslumbramento que Einstein sentia constantemente, ao desvelar os segredos da natureza.

Creem em uma causa primeira: sim.
Creem em um Criador pessoal: não.
Creem em intervenções sobrenaturais: não.
Creem em revelações divinas e dogmas: não.

Pandeísmo
O pandeísmo nasceu da fusão do panteísmo com o deísmo, e se trata de um concepção divina do Cosmos, que só pode ser compreendida através da razão.

Panenteísmo
O panenteísmo é um doutrina muito similar ao panteísmo, mas compreende que Deus é “o Cosmos e algo a mais”. Ou seja, que o universo está contido em Deus, mas Deus não se limita apenas ao universo.

Agnosticismo
Thomas Henry Huxley, um biólogo inglês, cunhou o termo “agnóstico” (do grego agnostos, “ausência do conhecimento”) em 1869, mas o agnosticismo foi posteriormente melhor desenvolvido pelo filósofo alemão Immanuel Kant. No agnosticismo, admite-se que a questão ancestral acerca da natureza exata da “primeira causa” não pode ser resolvida com base no conhecimento atual da humanidade, e talvez jamais venha a ser efetivamente solucionada. Geralmente isso significa apenas que os agnósticos se posicionam com ceticismo em relação à existência de Deus: não podem afirmar que existe, nem tampouco que não existe. Ou, como dizia Carl Sagan, um grande agnóstico: “a ausência da evidência não é a evidência da ausência”.
O agnosticismo possuí algumas vertentes interessantes: os fideístas creem que essa mesma questão da “primeira causa” realmente não pode ser resolvida pela razão, mas sim pela fé. Também é possível ser um agnóstico teísta – que crê em Deus, mas não crê que pode compreendê-lo; ou ainda, bem mais comum, um agnóstico ateísta – que não crê em Deus, embora tampouco afirme que não exista.
Se formos considerar a essência do ceticismo filosófico, para um cético só é mesmo possível ser um agnóstico, há menos que este cético tenha passado por experiências religiosas subjetivas, e que por conta delas tenha passado a crer em Deus.

Creem em uma causa primeira: geralmente sim, embora não saibam resolve-la.
Creem em um Criador pessoal: não (exceto no fideísmo).
Creem em intervenções sobrenaturais: não (exceto no fideísmo).
Creem em revelações divinas e dogmas: não (exceto no fideísmo).

Ateísmo
Em sua origem antiga, o ateísmo (do grego atheos, “ausência de Deus”) sempre foi um termo profundamente arraigado na religião, visto que usualmente significava a negação dos deuses e práticas religiosas locais. Claro que o ateísmo na antiguidade também poderia significar literalmente a descrença em todo e qualquer deus, mas esses casos eram muitíssimo raros. Mesmo grandes profetas e filósofos foram acusados de ateísmo, a despeito de sua óbvia crença em Deus ou em deuses, dentre eles contamos até mesmo Sócrates e Jesus Cristo.


Com o passar dos séculos e, sobretudo, com o aflorar das ciências naturais após o Iluminismo, o ateísmo em seu sentido de “descrença total em Deus” passou a ser cada vez mais comum. Teoricamente, aquele que se declara ateu na era moderna estará afirmando categoricamente que “não existe um Criador”, e também geralmente poderemos adicionar à afirmativa: “tampouco existe uma causa primeira com objetivo definido”. Ou seja, um ateu moderno não vê sentido ou desígnio divino no universo.
Mas esse tipo de definição do parágrafo acima não é compartilhado por todos, tampouco pelos próprios ateus – e há muitos ateus que se colocam, em realidade, como agnósticos, ou agnósticos ateístas (ver acima), apesar de se definirem “apenas como ateus”. Esse tipo de afirmação gera muitos desentendimentos, pois há muitos teístas e mesmo deístas que se sentem ultrajados com o fato de alguém se sentir na condição de afirmar que “não existe um Criador nem um sentido para a causa primeira” – muito embora nem sempre seja o que alguém que se autointitule ateu queira realmente dizer.
Em suma, há muitos agnósticos que gostam de se dizer ateus apenas para se colocarem ainda mais claramente em oposição às concepções teístas, sobretudo aquelas originárias das doutrinas dogmáticas.

Creem em uma causa primeira: por vezes sim, embora em todos os casos neguem um sentido ou desígnio divino no universo.
Creem em um Criador pessoal: não, e por vezes podem ter “certeza que não existe Criador algum”.
Creem em intervenções sobrenaturais: não.
Creem em revelações divinas e dogmas: não.

Antiteísmo
O antiteísmo (alguns chamam de neo ateísmo ou novo ateísmo) é uma vertente moderna do ateísmo que não se contenta em apenas se declarar ateísta, como critica veementemente o teísmo e, por vezes, atua de forma militante, tentando convencer as pessoas de que Deus não existe. Embora os antiteístas provavelmente entendam a si mesmos como “evangelizadores da ciência e do racionalismo”, eles na prática lembram muito mais uma versão distorcida dos próprios evangelizadores teístas.

***

Observação (1): É preciso sempre lembrar que a ciência não é ideologia ou doutrina, não é materialista nem espiritualista, monista ou dualista, teísta ou ateísta. A ciência é tão somente o conhecimento da natureza detectável, e o estudo de seus mecanismos. Há muitos grandes cientistas da história que eram teístas, deístas, panteístas, etc.

Observação (2): Embora um teísta fundamentalista provavelmente me julgue um ateu, e um antiteísta radical provavelmente me julgue um teísta, eu na realidade estou situado mais ou menos entre o Panteísmo, o Deísmo e o Pandeísmo.

Retirado e adaptado de:

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

É Necessário Tomar Cuidado com as Visões Astrais

“É fato que uma das formas do Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião ocorre no plano relacionado ao Corpo de Desejos, e que uma forma simbólica do ‘ Anjo’ pode então aparecer ao aspirante. Mas, como está escrito: ‘Conhece-los pelos seus frutos’ a validade de qualquer experiência mística ou mágica está no efeito evolutivo que produz na personalidade da pessoa que obtém a experiência.
Pouco importa, do ponto de vista da humanidade (ou do ponto de vista do Universo), se o nosso arroubo espiritual foi lindo ou gostoso. O que importa é se foi ecológico. Os iniciados definem o avanço espiritual do ser humano como maior eficiência na promoção da harmonia universal.

Se o arroubo não traz benefícios ao universo em que você vive, a fórmula que o compõe não é a Amor, que pressupõe interação e comunicação, e sim, o Ódio, que pressupõe separação.

Visões ‘místicas’ ou mágicas de ‘santos ou santas’ ocorrem constantemente em todos os sistemas religiosos. Na nomenclatura dos iogues, tais visões são formas de Dhyana, que é a experiência mística que antecede Samadhi, a qual é a verdadeira experiência mística que o iogue aspira. Em Samadhi há perfeita identidade entre você e a experiência; portanto a manifestação de forma, ou de uma Entidade separada de você mesmo, é impossível. Como diz o Bagh-i-Muattar: ‘ Alá é o ateísta, Ele não adora Alá’.

Os cristãos que experimentam visões de ‘ Jesus Cristo’ ou da ‘Virgem Maria’, por exemplo, estão experimentando projeções do plano astral da intensidade de seu próprio desejo. Se ele se apega a tais visões, corre grande perigo de ser obcecado por entidade de uma baixa natureza. As incríveis perseguições religiosas dos cristãos uns contra os outros e contra membros de outros cultos, as espantosas crueldades da Inquisição romana e protestante, tiveram sua origem no apego por parte de crentes a visões deste tipo.

(…) Que se pode fazer num caso deste? Como podemos convencer uma alma simples de que o Jesus Cristo dos Evangelhos é apenas um símbolo do Adepto, ou de que a Virgem Universal é demasiado sublime para ser concentrada em uma simples forma humana. Principalmente quando sabemos que tanto o Cristo quanto a Virgem são arquétipos que existem em uma forma ou em outra, em todo e cada subconsciente humano.

Ainda como diz o Livro da Lei: ‘ Não sejais animal; refina tua raptura!’

O iniciado só passa além da Visão do Anjo a uma verdadeira comunhão com ele quando percebe que é justamente a Visão que o separa d`Ele.

Qual iogue que alcançará Samadhi enquanto se sentir satisfeito com Dhyana.

É necessário tomar o máximo cuidado com visões astrais. O plano astral é infinitamente plástico: a substância que o compõe está sempre pronta assumir as formas do nosso desejo ou do nosso medo. Por este motivo, o Astral (como tudo mais neste mundo) é uma faca de dois gumes.”

Fonte: Ataque e Defesa Astral, Ed. Bhavani.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Os Segredos da Suástica


Já publiquei aqui mesmo no blog um post sobre a suástica, hoje um símbolo relegado ao ódio por ter sido usado pelos nazistas em sua mortal campanha de expurgo contra os “não puros” e por ser usado também presentemente pelos grupos mais abjetos com ideias de racismo, intolerância e violência contra minorias diversas. Entretanto, não foi sempre assim. A suástica original de orientação rotacional positiva é um símbolo benfazejo e auto-explicativo sobre o funcionamento do mundo. Encontrei esse outro texto ainda mais completo e didático; e, ao invés de atualizar a postagem anterior, resolvi fazer uma nova, devido a maior quantidade de informações poder explicar melhor o que levou um símbolo milenar a ter tanta má fama como esse...

***




Pelo que parece, a suástica é um símbolo pré-histórico, e sua escolha, para quem pretendia dominar o mundo, tinha objetivos certos.

A suástica é um símbolo que só perde para a cruz em matéria de simbolismo, mesmo assim, ela, a suástica, também é uma cruz.

Pelo fato de representar 10.000, em um desses países, faz-me lembrar um padrão de guerra no passado, onde a maioria dos exércitos tinha dez mil homens, apenas Gengis Khan viria mudar esse padrão, mas isso foi só uma lembrança.  De fato, o significado da suástica está ligado à religião.

Os mentores de Hitler eram ocultistas e não tiveram dúvidas de que Hitler era o escolhido de seus livros sagrados, uma espécie messias do Nazismo. O mundo viu, mais uma vez, a grande prova de que a religião e a política não deveriam  se misturar.

Se os nazistas conheciam os significados da suástica em todos esses países? Ninguém sabe, mas provavelmente não, o fanatismo racista dificilmente aceitaria outras culturas, ditas inferiores pelos nazistas.

A suástica "virada à direita", é utilizada em cerimônias civis e religiosas, é utilizada também como amuleto de sorte e sucesso. Aparece no período neolítico da Índia e na pré-história de Tróia e Chipre, e, curiosamente, apesar de aparecer em tão diferentes culturas, não aparece no antigo Egito, Assíria ou Babilônia.

No início do século XX, era utilizada em várias partes do mundo, como amuleto de sorte e sucesso. Nos países nórdicos está relacionada a Runa, Gibur ou Gebo.

Quando o partido nazista adotou a suástica como logomarca, ela passou a ser associada com a ideologia do nazismo.

Heinrich Schliemann descobriu esta imagem no antigo sítio em que localizara a cidade de Tróia, sendo então associada com as migrações ancestrais dos povos "proto-indo-europeus" dos Arianos.

Ele fez uma conexão entre estes achados  e antigos vasos germânicos, e teorizou que a suástica era um "significativo símbolo religioso de nossos remotos ancestrais", unindo os antigos germânicos às culturas gregas e védicas.

O casal William Thomas e Kate Pavitt especulou que a difusão da suástica entre diversas culturas mundiais (Índia, África, América do Norte e do Sul, Ásia e Europa) apontava para uma origem comum, possivelmente da Atlântida.

Alfred Rosenberg, o primeiro a utilizar essas idéias, associou-as aos povos nórdicos, rosember também foi o teórico da pureza racial ariana.

A palavra "suástica" deriva do sânscrito svastika (no script Devanagari), significando felicidade, prazer e boa sorte. Ela é formada do prefixo "su-" (cognata do grego e?-), significando "bom, bem" e "-asti", uma forma abstrata para representar o verbo "ser". Suasti significa, portanto, "bem-ser". O sufixo "-ca" designa uma forma diminutiva, portanto "suástica" pode ser literalmente traduzida por "pequenas coisas associadas ao que traz um bom viver (ser)". O sufixo "-tica", independentemente do quanto foi dito, significa literalmente "marca". Desta forma na Índia um nome alternativo para "suástica" é shubhtika (literalmente, "boa marca"). A palavra tem sua primeira aparição nos clássicos épicos em sânscrito Ramayana e Mahabharata.

A Europa Ocidental ainda apresenta  significados bizarros como:
"Aranha negra" - como chamada por diversos povos da Europa Ocidental.
"Cruz torta", "Cruz Gamada" (ou "em ganchos") - na Heráldica.

Sinomía em outros idiomas:
Alemão: Hakenkreuz;
Dinamarquês: hagekors;
Neerlandês: hakenkruis;
Esperanto: hokokruco;
Estoniano: haakrist;
Finlandês: ''hakaristi;
Húngaro: horogkereszt;
Islandês: hakakross;
Italiano: croce uncinata;
Norueguês: hakekors;
Romeno: Cruce încârligata;
Sérvio: kukasti krst;
Sueco: hakkors;
Sonnenrad: cruz do sol, quatro pernas;
Grego: martelos de Thor, associado com o deus do trovão nórdico;
Lituano: cruz de trovão;

As primeiras suásticas são datadas de 4.000 anos antes de cristo, em cerâmica, escrita vinca e na região do indo, 3.000 antes de Cristo, utilizada pelo budismo e hinduismo, posteriormente.

Nas idades do bronze e do ferro, foram encontrados vasos em Sintashta (2.000 antes de Cristo) no norte do cáucaso e Azerbaijão com o símbolo que para Bárbara G. Walker, autora de um livro sobre símbolos, demonstra serem oriundos das culturas dos cítios e sarmácios.



Carl Sagan reproduz um antigo manuscrito chinês, cometas com quatro braços curvados, lembrando a  suástica. Sagan sugere que na antigüidade um cometa possa haver se aproximado bastante da Terra de forma que os jatos de gases que fluem dele, vergados pela rotação do cometa, tornaram-se visíveis – o que justificaria a representação da suástica como símbolo mundialmente existente.

A suástica é um dos símbolos sagrados do hinduísmo há pelo menos um milênio e meio. Ela é usada ali em vários contextos: sorte, o Sol, Brahma, ou no conceito da “samsara”. O budismo particularmente teve grande penetração noutras culturas, em especial no Sudeste da Ásia, China, Coreia, Japão, Tibete e Mongólia desde fins do primeiro milênio. Supõe-se que o uso da suástica pelos fiéis “Bom” do Tibet, e de religiões sincréticas como a “Cao Daí” do Vietnã , e “Falun Gong” da China, tenha sido tomado emprestado ao budismo. Da mesma forma, a existência da suástica como símbolo do Sol entre o povo “Akan” – civilização do sudoeste da África, pode ter sido igualmente resultado da transferência cultural em virtude do tráfico escravista por volta do ano de 1500.

O uso do símbolo no ocidente, junto às significações religiosas e culturais que lhe emprestaram, foi corrompido no começo do século XX, quando foi adotado pelo Partido Nazista. Isto ocorreu porque os nazistas declaravam que os arianos eram os antepassados do povo alemão moderno e propuseram, por causa disto, que a subordinação do mundo à Alemanha fosse algo imperativo, e até mesmo predestinado. A suástica então tornou-se um símbolo conveniente, de forma geométrica simples e ao mesmo tempo marcante, a enfatizar este mito ariano-alemão, insuflando o orgulho racial. Desde a II Guerra Mundial a maior parte do mundo ocidental tem a suástica apenas como um símbolo nazista, levando a equivocadas interpretações de seu uso no Oriente, além de confusão quanto ao seu papel sagrado e histórico em outras culturas.

Geometricamente a suástica pode ser definida como um icoságono (polígono de 20 lados) irregular. Os “braços” têm largura variável e são frequentemente retilíneos (mas isto não é obrigatório). As proporções da suástica nazista, entretanto, eram fixas: foram fixadas numa grade 5x5.

Uma característica fixa é a rotação em 180° de simetria e não equilateral – portanto com ausência de simetria reflexiva entre as suas metades.

A suástica é, depois da cruz equilateral simples (a "cruz grega"), a versão mais difundida da cruz.

A visão de Wilhelm Reich - O polêmico psicanalista Wilhelm Reich (ucraniano de origem germânica), em "Die Massenpsychologie des Faschismus, Frankfurt 1974, S. 102-107", faz a seguinte leitura do efeito psicológico da suástica:

1. O Nazismo serviu-se da simbologia para atrair sobretudo a massa de trabalhadores alemães, enganando-os com a promessa de que Hitler seria um Lênin para a Alemanha;

2. "sob o simbolismo da propaganda, a bandeira era o que primeiro chama a atenção (cantando:).

Nós somos o exército da suástica,
Erguemos as bandeiras vermelhas
O trabalhador alemão nós queremos
Assim trazer para a liberdade."

Usando músicas que claramente pareciam comunistas, e com a bandeira habilmente composta, passava o Nazismo um caráter revolucionário para as massas.

Reich atesta que a "teoria irracional" da superioridade racial, tinha apelos ao subconsciente, através das formas da suástica e dos contrastes oferecidos pelas cores utilizadas (vermelho, preto e branco), chegando mesmo Hitler a afirmar que esta cruz era um símbolo anti-semita, em sua origem.

"Se olharmos detidamente para as suásticas no lado direito, vemos que elas claramente revelam formas humanas esquematizadas. Já a suástica voltada para a esquerda, mostra um ato sexual…".

Para o Hinduismo, os dois símbolos representam as duas formas do deus criador, Brahma: voltada para a direita, a cruz representa a evolução do Universo (ou Pravritti); para a esquerda, simboliza a involução do Universo (Nivritti). Também pode ser interpretado como representando as quatro direções (Norte, Leste, Sul e Oeste), com significado de estabilidade e solidez.

O Budismo foi fundado por um príncipe hindu e as duas formas da suástica são uma herança dessa cultura. O símbolo foi incorporado, desde a Dinastia Liao, nos ideogramas chineses, com o sinal representativo ou  (wan, em chinês; man, em japonês; van, em vietnamita), significando algo como "um grande número", "multiplicidade", "grande felicidade" ou "longevidade", mas o desenho (suástica virada à direita) é raramente usado. A suástica marca as fachadas de muitos templos budistas. As suásticas (qualquer das duas variantes) costumam ser desenhadas no peito de muitas esculturas de Buda, e frequentemente aparece ao pé da estatuária de Buda.

Em razão da associação da suástica voltada para a direita com o nazismo após a segunda metade do século XX, a suástica budista, fora da Índia, tem sido utilizada apenas na sua forma virada para a esquerda.

A suástica, usada na arte e escultura budistas, é conhecida dentro da língua japonesa como "manji" (que, literalmente, pode ser traduzido como: caractere chinês para eternidade), e representa o Dharma, a harmonia universal, o equilíbrio dos opostos. O símbolo virado à esquerda representa amor e piedade; voltado para a direita é força e inteligência.

No Japão, a suástica é chamada manji. Desde a Idade Média é usado como um Mon - ou "brasão de armas" de algumas famílias. Na simbologia japonesa a suástica virada à esquerda e horizontal ou manji é usada para indicar o local de um templo budista. A suástica à direita é chamada de gyaku manji (literalmente, manji invertido), e também é chamada de kagi juji, significando, literalmente, "cruz em gancho".

O Jainismo dá mais ênfase à suástica que o Hinduísmo. É um símbolo do progresso humano, e representa o sétimo Jina (Santo), o Tirthankara Suparsva. É considerada uma das 24 marcas auspiciosas, emblema do sétimo arhat dos tempos atuais. Todos os templos do Jain, assim como seus livros santos, contêm a suástica. Suas cerimônias começam e terminam com o desenho da suástica feito várias vezes em volta do altar.

Algumas fontes indicam que a imperatriz chinesa Wu, da dinastia Tang (684-704), decretou que a suástica seria usada como um símbolo alternativo para representar o sol. Como parte da lista de caracteres do idioma chinês (mandarim), a suástica tem seu código (Unicode) U+534D (e a pronúncia segue o caractere chinês, no cantonês, man; no mandarim, wan) para a suástica voltada para a esquerda, e U+5350  para a suástica virada à direita.

O mandarim Wan é um homófono para o número 10 mil, que é usado para representar o todo da criação, no Tao Te Ching, o livro basilar do taoísmo.

A forma da suástica é um símbolo bastante antigo na cultura Kuna, de Kuna Yala, no Panamá. Para eles a imagem lembra o polvo que criou o mundo: seus tentáculos, voltados para os quatro pontos cardeais, deram origem ao arco-íris, ao sol, à lua e às estrelas.

Em fevereiro de 1925 os Kuna se revoltaram contra a supressão de sua cultura, pelo governo panamenho, e em 1930 conquistaram autonomia. A bandeira oficial do estado exibe a suástica, com formas e cores que variaram ao longo dos tempos: as faixas antes da cor laranja eram vermelhas, e em 1942 um círculo (representando o tradicional anel de nariz dos Kunas) foi acrescentado para diferenciá-la ainda mais do símbolo do partido nazista.

Na Grécia Antiga a deusa Atena era por vezes retratada num roupão ornado por suásticas.

A medieval Liga da Corte Sagrada - Walker (em A Woman's Dictionary of Symbols and Sacred Objects) informa que a suástica duplicada era associada com as Cortes Vêmicas da Idade Média, uma seita secreta fundada para perseguir os hereges e judeus, antes de ficar associada à Inquisição. Esses tribunais, segundo ela diz, continuaram como sociedades ocultas para a prática da justiça sumária e do anti-semitismo, até o século XIX, quando foi sucedida pelo Partido Nazista, cujos associados teriam substituído a suástica dupla pela única.

Insígnia do 45th Infantry.A 45ª Divisão de Infantaria do Exército norte-americano usava uma suástica amarela sobre fundo vermelho como símbolo da unidade até os anos 30, como referência ao Pássaro-trovão da mitologia (Thunderbird).

Bandeira da Espanha Nacionalista durante a Guerra Civil Espanhola. Espanha - Os nacionalistas eram chamados de nazistas pelos republicanos, enquanto os republicanos eram chamados de comunistas pelos nacionalistas.

…o que inspirou Hitler para usar a suástica como símbolo da NSDAP já era usado pela Sociedade Thule (em alemão: Thule-Gesellschaft) considerando-se que havia muitas ligações desta com o DAP (Partido dos Trabalhadores) (…) de 1919 até o verão de 1921 Hitler usou a biblioteca Nationalsozialistische especial do Dr. Friedrich Krohn, um sócio muito ativo da Thule-Gesellschaft (…) Dr. Krohn também era dentista de Sternberg, que foi nomeado por Hitler para desenhar uma bandeira semelhante aquela que Hitler projetara em 1920 (…) durante o verão de 1920 a primeira bandeira do partido foi apresentada no Lago Tegernsee (…) sua fabricação foi caseira (…) não foram preservadas as primeiras bandeiras, e a bandeira do Ortsgruppe München foi então considerada como a primeira bandeira do Partido. A primeira vez que a suástica foi usada com um significado "ariano" foi em 25 de dezembro de 1907, quando os auto-denominados Ordem dos Novos Templários, uma sociedade secreta fundada por Adolf Joseph von de Lanz Liebenfels, içou no Castelo de Verfenstein (na Áustria), uma bandeira amarela com uma suástica e quatro flores-de-lis.
  
Segundo a legislação brasileira:


1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.

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