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domingo, 29 de abril de 2018

Frases Célebres com a Autoria Equivocada.


. Algumas delas são meros boatos. Outras, “resumos” feitos por biógrafos, às vezes traindo o sentido original. Também há as ditas ou escritas por uma pessoa e creditadas a outra. E há, por fim, as fake news históricas, pura propaganda. Estas são as mais célebres frases que todo mundo ouviu ou repetiu e que nunca foram proferidas pelas pessoas às quais são atribuídas.

1. “A definição de insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar um resultado diferente — Albert Einstein
Não há nenhuma evidência de que Einstein tenha dito essas palavras. O mais provável é que a frase tenha sido retirada de textos utilizados pelos Narcóticos Anônimos, produzidos em 1981.

2. “Discordo do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo” — Voltaire
Voltaire não é o verdadeiro autor da sentença acima, mas sim a escritora inglesa Beatrice Evelyn Hall, sob o pseudônimo SG Tallentyre. Em 1906, ela publicou uma biografia sobre o filósofo em que descreve a relação de Voltaire com o filósofo francês Claude Adrien Helvétius. Como o parágrafo foi escrito em primeira pessoa, o mundo passou a creditar a frase a Voltaire.

3. “Os fins justificam os meios” — Nicolau Maquiavel
O axioma acima não é encontrado em nenhum capítulo da obra O Príncipe. O que Maquiavel realmente escreveu foi um bem menos malicioso: “É preciso considerar o resultado final”.

4. “Primeiro eles te ignoram. Então riem de você e te atacam. Então você ganha” — Mahatma Gandhi
Essa máxima, que hoje repercute em vários sites, nunca foi dita por Gandhi. O verdadeiro autor nunca foi descoberto. No entanto, o sentido da frase é semelhante às palavras presentes em um discurso realizado em 1918 por Nicholas Klein, um advogado e defensor do sindicato dos trabalhadores dos EUA: "Primeiro eles te ignoram. Então eles te ridicularizam. E então eles te atacam e querem te queimar. E então eles constroem monumentos para você". 

5. “Às vezes um charuto é apenas um charuto” — Sigmund Freud 
A frase foi supostamente dita após alguém sugerir, numa interpretação caricaturalmente freudiana, que seu charuto era um símbolo fálico. O sentido é que nem tudo devia ser lido por uma interpretação freudiana — ou, ao menos, não seu charuto. Entretanto, não existem provas de que em algum momento da História o fundador da psicanálise teria dito tal frase.

6. “Esqueçam tudo o que escrevi” — Fernando Henrique Cardoso
Teria sido proferido por Fernando Henrique Cardoso durante um almoço particular com empresários, sempre foi negada pelo então ex-ministro da Fazenda. Ela foi divulgada numa reportagem publicada pela Folha de S.Paulo em 1993. Ao questionar o empresário Olacyr de Moraes, que participou do almoço, o veículo foi informado que Fernando Henrique pronunciou a frase de fato. No entanto, ao ser procurado novamente, em 1996, Moraes afirmou que não se lembra da frase e muito menos do almoço.

7. “A religião é o ópio do povo” — Karl Marx
É um resumo que trai completamente o sentido original. O que Marx diz na obra Uma Contribuição para a Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, de 1843, publicada somente após a morte do filósofo, é: "A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, e a alma de condições desalmadas. É o ópio do povo". Isto é, a religião é algo positivo, um analgésico para a dor do oprimido.

8. “Uma única morte é uma tragédia, um milhão de mortes é uma estatística” — Joseph Stalin
Esse seria o resumo da filosofia Stalin. Mas muitos dos historiadores russos procuraram e nunca encontraram registros que comprovem sua autoria. A frase já foi creditada a vários escritores, um deles seria o alemão Kurt Tucholsky, que numa obra de 1932 descreve um personagem fictício que fala sobre as tragédias causadas pela guerra.

9. “Mulheres bem-comportadas raramente fazem história” — Marilyn Monroe
O ícone dos anos 50 foi responsável por muitos momentos notórios da história do cinema, mas não por esses dizeres. Ela já havia falecido quando a frase foi escrita pela americana Laurel Thatcher, num artigo publicado em 1976.

10. “Houston, temos um problema” — Jack Swigert
As palavras acima foram pronunciadas quando os astronautas da Apollo 13 notaram que uma explosão havia danificado a nave. Contudo, a frase verdadeira do astronauta Jack Swigert fo um bem mais calmoi: "Houston, nós tivemos um problema aqui". A citação, que repercute até hoje, é na verdade uma adaptação feita por Ron Howard no filme Apollo 13, de 1995. 
Além disso, as palavras não são de Jim Lovell, comandante da Apollo 13, e sim do astronauta Jack Swigert. Após um erro de transmissão, Lovell teve que repetir a frase e acabou roubando os créditos de Swigert.

11. “Os ingleses estão vindo! Os ingleses estão vindo!” — Paul Revere
Revere nunca avisou os cidadãos de Concord, nos EUA, sobre o avanço das tropas britânicas. Na verdade ele foi capturado antes que pudesse fazê-lo. O verdadeiro responsável pela frase foi Samuel Prescott, outro patriota que também foi capturado, mas conseguiu escapar. No entanto, a fama de Revere foi imortalizada pelo poema Paul Revere's Ride, 1860, de Henry Wadsworth Longfellow.

12. “Se eles não têm pão, que comam brioches!” — Maria Antonieta
A rainha guilhotinada nunca chegou nem perto de dizer algo assim. Quem a conhecia afirmou estar preocupada com a situação do povo. A citação foi retirada das Confissões de Jean-Jacques Rousseau, escritor de sucesso durante a Revolução Francesa. No livro, Rousseau menciona que uma princesa, da qual não diz o nome, teria dito essas palavras ao ver o povo faminto.

13. “Temo que tudo o que fizemos foi despertar um gigante adormecido” — Isoroku Yamamoto
Há indícios de que Yamamoto realmente se arrependeu de planejar o ataque à base naval norte-americana de Pearl Harbor, em 1941, mas não qualquer indício de que tenha dito a frase acima. Os japoneses escolheram atacar os Estados Unidos porque parecia um alvo mais fácil que a União Soviético. A frase aperceu no filme Tora! Tora! Tora!, de 1970, mas alguns acreditam que tais palavras já eram famosas antes mesmo de chegarem ao cinema.

14. “Fi-lo porque qui-lo” — Jânio Quadros
A citação é na verdade o título de uma resenha publicada na revista Veja sobre o livro 15 Contos, de Jânio Quadros, satirizando seu estilo rebuscado. Além disso, a estrutura da frase é incorreta. Como a conjunção atrai o pronome, a maneira correta deveria ser "Fi-lo porque o quis".

15. “Até tu, Bruto?”— Júlio César
A frase teria sido dita por Júlio César quando viu Marco Júnio Bruto, um amigo próximo, no meio dos responsáveis pelo seu assassinato. A sentença original seria "Kai su, têknon", que também pode querer dizer "Você também, menino/moleque". A que você escuta é na verdade uma adaptação realizada em obras como Júlio César, de 1599, escrita pelo dramaturgo William Shakespeare. Outro ponto que também instiga historiadores é a veracidade da frase. A obra A Vida dos Doze Césares, escrita por Caio Suetónio, 165 anos após o assassinato do ditador, não menciona a frase.

Thiago Lincolins e Letícia Yazbek



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