Assim foi dito por Budha o
iluminado.
Por não compreender e não
realizar quatro coisas, que eu, da mesma forma que vocês, tivemos que vagar tão
longamente através desta roda dos renascimentos.
E quais são essas quatro
coisas?
1- A nobre verdade do
sofrimento.
2- A nobre verdade da causa do
sofrimento.
3- A nobre verdade da extinção
da causa do sofrimento.
4- A nobre verdade da senda
que leva à extinção do sofrimento.
Enquanto o absoluto e verdadeiro
conhecimento e introspecção relativos a estas Quatro Nobres Verdades não
estavam perfeitamente claros em mim, eu não estava certo que tinha atingido a
suprema iluminação que é insuperável em todo o mundo.
Mas tão logo o absoluto e
verdadeiro conhecimento e introspecção relativos a estas Quatro Nobres Verdades
se tornaram perfeitamente claros em mim, surgiu a certeza que tinha atingido
esta suprema iluminação insuperável.
Então descobri essa profunda
verdade, tão difícil de perceber, difícil de compreender, tranqüilizante e
sublime à qual não é para ser ganho por mero intelecto e é visível apenas ao
sábio.
1ª – A Nobre Verdade do
Sofrimento
Nascimento é sofrimento,
doença é sofrimento, morte é sofrimento, tristeza, lamentação, dor, pesar e
desespero são sofrimento. Não ter o que se deseja é sofrimento, separação do
que se deseja é sofrimento, união com o que não se deseja é sofrimento. Saudade
é sofrimento, ser escravo de um passado já morto e um futuro inexistente é
sofrimento. Ser presa fácil de estímulos exteriores de toda ordem é sofrimento.
Quando sopram os ventos da sensibilidade nós vamos cegamente a sensualidade,
quando sopram os ventos da raiva nós vamos cegamente a violência, quando sopram
os ventos da agitação e preocupação nós vamos cegamente em direção a ansiedade
e angústia, quando sopram os ventos da dúvida nós vamos cegamente ao ceticismo.
Todo sofrimento, assim como
toda a nossa felicidade está na própria mente, pois nenhum inimigo nos poderá
fazer tão infelizes quanto nossa mente mal dirigida. Também nenhum parente,
seja pai, mãe ou irmão nos tornará tão felizes quanto nossa própria mente bem
dirigida.
Em resumo, os cinco agregados
da existência quando objetos de apego, isto é, quando tomados como “eu” e “meu”
são sofrimento.
Os cinco agregados da
existência são: corpo, sensações, percepções, consciência e formações mentais.
2ª – A Nobre Verdade da Causa
do Sofrimento
Qual é a causa do sofrimento?
é a ignorância, o desejo, o apego, a cobiça, o ódio, e a ilusão. Mas aonde o
desejo e a ignorância surgem? aonde estão suas raízes? Aonde houver coisas
deliciosas e agradáveis lá o desejo e ignorância surgem, lá eles têm as suas
raízes.
Visão, audição, olfato, paladar,
tato e a mente são deliciosos e agradáveis lá o desejo e a ignorância surgem,
lá eles fincam raízes. Quando percebemos um objeto pela visão, se o objeto é
agradável a pessoa é atraída e se é desagradável a pessoa o repele.
Então, seja qual for a sensação
que experimente, se a pessoa o aprova e acha agradável então a sensação
condiciona o desejo, e desejando a pessoa se apega ao objeto desejado. Então o
desejo condiciona o apego. Quando a pessoa se apega ela irá agir pela palavra
ou pelo o corpo para possuir o objeto desejado.
Deste modo, então o apego
condiciona a ação (Karma) ou processo de vir a ser. O processo de vir a ser (ou
existência) condiciona o nascimento.
Dependendo do nascimento, a
decadência e a morte, tristeza e lamentação dor e pesar, ressentimento e
desespero.
Assim surge essa imensa massa
de sofrimento.
3ª – A Nobre Verdade da
Extinção da Causa do Sofrimento
O que é a extinção do
sofrimento? É a completa erradicação e desaparecimento da ignorância, desejo,
apego, cobiça, ódio e ilusão e em conseqüência o abandono e libertação da
ilusão do EU e do MEU.
Com a extinção da ignorância o
desejo é extinguido.
Pela cessação do desejo
cessa-se o apego.
Pela cessação do apego o
processo de vir a ser ou as ações (Karma) é extinguido.
Pela cessação de vir a ser ou
existência, o nascimento é extinguido.
Pela cessação do nascimento, a
decadência e a morte, tristeza e a lamentação, dor pesar, ressentimento e
desespero serão extinguidos.
Assim se dá a extinção de toda
esta massa se sofrimento.
Nirvana
Isso verdadeiramente é a paz,
isto é, o mais elevado a saber o fim de todas as formações Kármicas, o abandono
de todo substrato de ressarcimento, o fim da ignorância, do desejo, e apego, da
cobiça, ódio e ilusão.
Encantado pelo desejo, irado
pela cobiça, vendado pela ilusão, derrotado com a mente enganada, o homem, pela
ignorância provoca a sua própria ruína, a ruína de outros e a ruína de ambos, e
ele experimentará sofrimento mental e pesar. Mas se a ignorância e desejo e
apego, cobiça, ódio, e ilusão forem abandonados, o homem não mais provocará a
sua própria ruína, a ruína de outros, nem a ruína de ambos, não mais
experimentando sofrimento mental e pesar.
Assim é o Nirvana, imediato,
visível nesta vida, convidado, atrativo e compreensível apenas pelo sábio.
A extinção completa, total e
global, sem deixar qualquer vestígio da ignorância, desejo e apego, cobiça,
ódio e ilusão, isto verdadeiramente é chamado de NIBBANA.
O Arahat (Monge) – O Santo
Sábio e Iluminado
E para o discípulo assim
livre, em cujo coração reina a paz não há nada mais a ser acrescentado àquilo
que ele já faz, nem nada mais resta para ele a fazer. Como uma sólida massa de
rocha. Formas visuais ou sons, odores ou gostos, contatos de qualquer natureza,
o desejável ou o indesejável, nada poderá fazê-lo entrar em vibração,
inabalável está a sua mente. Foi ganha a libertação.
E ele que já atingiu o supremo
equilíbrio e equanimidade à todas as coisas deste mundo, não é mais perturbado
por nada, seja o que for. Ele está livre da raiva, da tristeza e da saudade,
ele passou além do nascimento, decadência e morte.
4ª – Nobre Verdade da Senda
que Leva à Extinção do Sofrimento
Os dois extremos e a Senda do
meio. Os prazeres sensuais, o comum, o vulgar, o mundano, sem qualquer sentido
para o progresso na Senda espiritual. Ou:
A mortificação do corpo que é
dolorosa e também sem vantagem qualquer para a vida santa.
Ambos estes extremos, o
iluminado evitou e descobriu a Senda Média, a qual propícia qualquer um ver e a
compreender, leva à paz, ao discernimento, a iluminação e ao NIBBANA.
E qual é a Senda do Meio? É a
nobre Senda Óctupla:
1) Palavra Correta
2) Ação Correta
3) Meio de Vida Correto
(Moralidade)
4) Esforço Correto
5) Plena Atenção Correta
6) Concentração Correta
(Concentração)
7) Correta Compreensão
8) Correto Pensamento
(Sabedoria)
Livre da dor e tortura é esta
Senda, livre de lamentos e sofrimento uma Senda perfeita. Verdadeiramente, como
esta Senda não existe outra para a purificação dos seres. Se você seguir está
Senda porá fim ao sofrimento. Mas cada um tem que lutar por si próprio, o
iluminado apenas aponta o caminho.
1) Palavra Correta
a) Abster-se de mentir e de
Caluniar.
b) Abster-se de levar e de
trazer conversas que causem desarmonia e discórdia.
c) Abster-se de palavras
pesadas, duras e ofensivas.
d) Abster-se de tagarelice e
de conversas frívolas.
2) Ação correta
a) Abster-se de destruir os
seres vivo, isto é, não matar.
b) Abster-se de pegar para nós
aquilo que não nos pertence, isto é, não roubar.
c) Abster-se de errôneo
comportamento sexual ( infidelidade, adultério etc.)
d) Abster-se de tóxicos e de
bebidas alcoólicas que entorpeçam a mente.
3) Meio de vida correto
Abster-se de profissões como:
a) caçador, pescador,
abatedor;
b) comércio de armas e drogas,
bebidas, cigarros etc.
O meio de vida deve ser
honesto, para o bem comum e nunca prejudicando e explorando nosso semelhante.
4) Esforço Correto
a) O Esforço de evitar o mal.
b) O Esforço de superar o mal.
c) O Esforço de fazer surgir o
bem.
d) O Esforço de manter e de
desenvolver o bem.
5) Plena Atenção Correta
a) Atenção sobre o corpo
b) Atenção sobre as sensações
.
c) Atenção sobre os estados de
consciência.
d) Atenção sobre os objetos da
mente.
6) Concentração Correta
A concentração é a mente
unipolarizada, isto é: mente voltada para um único ponto.
Existem cinco obstáculos para
o desenvolvimento da concentração:
l – Sensualidade (luxúria)
II – Raiva, ira, ódio.
III – Sonolência, preguiça e
torpor.
IV – Agitação e preocupação.
V – Dúvida
7) Correta Compreensão
a) Compreender as quatros
nobres verdades.
b) Compreender as três
características da existência.
c) Compreender as ações
meritórias e a raiz dessas ações.
d) Compreender as ações
demeritórias e a raiz dessas ações.
a) As Quatros Nobres Verdades
O homem comum, desprovido de
correta compreensão, é ignorante dos ensinamentos dos homens Santos e não é
treinado na nobre doutrina. Seu coração é possuído e dominado pela:
1) Ilusão da existência de um
eu;
2) Pela dúvida;
3) Pelo apego e meras regras e
rituais;
4) Pelo desejo sensual;
5) Pela raiva.
E como livrar-se destas coisas
ele não sabe! Não sabendo o que é digno de considerações e o que é indigno
(para libertar-se desses cinco grilhões) ele acaba considerando justamente o
que é indigno e não o que é digno.
E pela ignorância ele se
preocupa e reflete dessa maneira:
O mundo é eterno ou temporal?
Finito ou infinito? O princípio vital é idêntico ao corpo ou alguma coisa
diferente? O Buda continuará depois a morte ou não? Eu existi no passado ou não
existi numa vida passada? O que eu fui na vida passada? Quem eu fui na vida
passada? Eu existirei numa vida futura ou eu não existirei numa vida futura? Eu
sou ou eu não sou? O que sou eu? Como sou eu? Este ser, de onde ele veio, para
onde vai? “Sábias” Considerações!
O instruído e nobre discípulo
entretanto, que sabe os ensinamentos dos homens Santos e é bem treinado na
nobre doutrina; compreende o que é digno de consideração e o que é indigno. E
assim sabendo, ele considera o digno e não o indigno.
O que é sofrimento, ele
sabiamente considera.
O que é a origem do sofrimento,
ele sabiamente considera.
O que é a extinção do
sofrimento, ele sabiamente considera.
Qual é a Senda que leva a
extinção do sofrimento, ele sabiamente considera.
b) As três características da
existência são:
1) Impermanência
2) Insatisfatoriedade
3) Impessoalidade
O corpo é impermanente, as
sensações, são impermanentes, as percepções são impermanentes, as formas
mentais são impermanentes, e as consciências são impermanentes. E tudo o que é
impermanente é sujeito ao sofrimento e mudança, não se pode corretamente dizer:
isto pertence a mim,
isto sou eu,
isto é o meu ego.
Assim como a bolha d’água é
oca, vazia e insubstanciável, da mesma forma todos os fenômenos psíco-físicos
são também ocos, vazios e sem um ego.
c) As ações Meritórias são de
três tipos:
1) Pelo corpo, o mesmo que
ação correta.
2) Pelo o verbo, o mesmo que
Palavra Correta.
3) Pela mente, o mesmo que
Pensamento Correto.
Quais são as raízes das Ações
Meritórias:
1) Renúncia
2) Desapego
3) Boa vontade
4) Benevolência
5) Generosidade
6) Moralidade
7) Meditação
8) Reverência, gratidão e
respeito
9) Serviço inegoísta ao
próximo
10) Transferência de mérito
11) Alegrar-se com o sucesso e
o mérito de outros.
12) Ouvir o Dhamma (Doutrina)
13) Expor o Dhamma
14) Ter corretos pontos de
vista e correta compreensão
15) Gratidão
16) Respeito.
As Ações Demeritórias são
também de três tipos:
1) Pelo corpo: destruir seres
vivos roubar e explorar, adultério, ingerir tóxicos e bebidas alcoólicas.
2) Pelo verbo: mentir e
caluniar, levar e trazer conversas, palavras pesadas, duras e ofensivas,
tagarelice e conversas frívolas.
3) Pela mente: cobiça-egoísmo,
vaidade, má vontade, ódio e raiva, errôneos pontos de vista
As raízes das Ações
Demeritórias são:
Cobiça, ódio, ilusão ou
ignorância, egoísmo. .
8) Pensamento Correto
São todos os pensamentos
baseados na renúncia e desapego, tais como:
Boa vontade, benevolência e
amor.
Bondade e camaradagem.
Correta compreensão e corretos
pontos de vista.
Todo pensamento que for
motivado pela Cobiça, Ódio, ilusão e ignorância, egoísmo, vaidade, inveja etc.
Serão necessariamente pensamentos incorretos.
Que todos os seres que estejam
em sofrimento, possam se libertar do seu sofrimento.
Que todos os seres que estejam
inseguros e com medo, possam se libertar de sua insegurança e do seu temor.
Que todos os seres que estejam
tristes e em lamento, passam se libertar de sua tristeza e da sua lamentação.
Pela realização dessas
afirmações que todos os seres, sem nenhuma exceção, possam se sentir
verdadeiramente muito bem e muito felizes.
Por Gassho
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