Por
Marina Motomura
Por causa de uma tradição cultural
popularizada na Antiguidade - provavelmente herdada de um costume dos
ancestrais do homem, ainda nos tempos da pré-história.
Um grupo de antropólogos sustenta que o
gesto é uma variação de uma estratégia agressiva de alguns primatas, que
mostravam o pênis ereto a seus inimigos como uma forma de intimidá-los.
Mais civilizado, o homem teria
substituído o bilau pelo dedo erguido para ofender alguém.
Um dos primeiros registros escritos
desse costume mal-educado aparece no ano 423 a.C., quando o poeta grego
Aristófanes escreveu a peça As Nuvens. Em um dos diálogos, o personagem
Estrepsíades faz uma piada comparando o dedo do meio ao pênis. Da Grécia, a
ofensa chegou a Roma, onde era conhecida como digitus infamis, o "dedo
obsceno".
No livro Gestures, their Origin and
Distribution ("Gestos, sua Origem e Distribuição", sem tradução para
o português), o zoólogo britânico Desmond Morris sustenta que o imperador
Calígula (12-41) chocava os súditos obrigando-os a beijar seu dedo do meio em
vez de sua mão. Uma tremenda humilhação.
Com o passar dos séculos, a maioria dos
países do mundo incorporou o gesto de origem latina - pode-se dizer que é um
símbolo quase universal!
Mas diversos povos encontraram outras
formas criativas de mandar alguém fazer você sabe o quê.
O que explica que um sinal seja
considerado ingênuo num país e ofensivo em outro?
Para essa "transformação"
acontecer, um grupo precisa estabelecer uma espécie de pacto em torno dessa
forma de comunicação.
Em outras palavras, um gesto só é
considerado agressivo se todas as pessoas do grupo entenderem e concordarem com
seu significado.
"Para evitar gafes e lidar com as
diferenças culturais, hoje em dia as multinacionais fazem livros de
comportamento. Essas publicações explicam aos executivos que viajam muito quais
gestos eles podem ou não fazer ao visitar outros países", diz a
antropóloga Rosali Telerman, professora da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo.
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