Por Gilberto Antônio Silva
Já falei algumas vezes sobre Wuwei, a não-ação, como base da
filosofia taoista. Embora pareça muito razoável e bem importante para uma vida
equilibrada, muitas pessoas me dizem que é algo muito difícil de se realizar ou
mesmo que é um pensamento utópico. Bem, embora seja possível e tenhamos visto
muitos taoistas seguindo esse princípio, com certeza não é algo fácil. Vamos
ver como isso pode ser implementado e vivenciado em nossas vidas.
Quase sempre o que nos impede de ver a possiblidade de
vivenciarmos a vida através do wuwei é nossa agitação diária. Somos forçados a
um ritmo de vida e de ações muito superior ao que nossos antepassados mais
próximos vivenciavam. Eu mesmo cresci em um mundo sem internet, celular, CD,
DVD, vídeo-cassete, vídeo-games, computador, fax. E não faz tanto tempo assim.
A tecnologia avança mais rápido do que nós, seres humanos, conseguimos
acompanhar. Isso gera uma série de problemas e transtornos epidêmicos como
ansiedade, por exemplo. Nesse ambiente, pensar em viver seguindo o fluxo, sem
intenções antecipadas, é algo quase idílico.
Seguir o fluxo como os taoistas pregam é exatamente o
inverso do que experimentamos hoje, quando os acontecimentos nos empurram em
uma direção e nos obrigam a fazer planejamentos constantes sobre os próximos
passos que daremos, sem nem enxergarmos direito para onde vamos. Caminhamos,
tropeçamos, levantamos e prosseguimos aos trancos, procurando constantemente um
caminho mais fácil. “Relaxamento” é uma palavra distante, fruto de algum tipo
de terapia oriental para a qual nos dirigimos quando não aguentamos mais a
pressão que nos empurra em constante movimento.
Se quisermos realmente experimentar e vivenciar o wuwei,
precisamos iniciar por algo simples a fim de nos acostumarmos com o novo fluxo.
E a melhor forma de fazer isso é algo um tanto estranho para nossa vida diária:
parar tudo.
Sempre que nos sentimos pressionados por prazos, obrigações
e necessidades, o melhor que temos a fazer é parar tudo. Simplesmente pare tudo
o que estiver fazendo por um ou dois minutos. Acredite, aquele projeto que
precisa concluir em 12 horas continuará lá depois de dois minutos e não haverá
nenhuma mudança significativa no projeto. Mas haverá em você.
O que temos que fazer:
1- Pare
imediatamente tudo o que estiver fazendo quando a pressão se tornar
insuportável ou aparecer a ideia de que não conseguirá realizar o que precisa;
2- Feche os
olhos por um ou dois minutos e respire suave e profundamente, prestando atenção
total na respiração e a contando, lentamente;
3- Mantenha
em sua consciência que isso não irá prejudicar seu trabalho ou tarefa, de modo
algum;
4- Mentalize
um riacho correndo sem parar, uma praia ou outra imagem mental tranquilizadora;
5- Depois de
algumas respirações mantendo a imagem bem clara na sua mente, abra lentamente
os olhos.
6- Se puder
tirar um pouco mais de tempo, dê uma volta nem que seja no saguão ou em uma
varanda, saia de seu local habitual e quebre o fluxo.
Você irá reparar que sua ansiedade diminui, sua mente se
foca com mais firmeza e suas ideias ficam mais claras. A aparente “perda de
tempo” na realidade vai impulsionar suas tarefas.
O segredo aqui é a quebra do fluxo impositivo de
compromissos, tarefas, obrigações e preocupações que nos empurram mesmo contra
a vontade. Esse exercício proporciona uma coisa que talvez há muito tempo você
não tenha experimentado: o controle do fluxo de sua vida. Escolher não fazer
nada, mesmo que por pouco tempo, é um tipo de controle.
Antes de tentar o livre fluxo da não-ação é necessário,
primeiro, quebrar as correntes que nos aprisionam nos fluxos artificiais. Obter
o controle é uma experiência muito interessante e nos mostra que existe
realmente outro modo de viver. Parar para poder prosseguir é um conselho
bastante taoista, afinal de contas.
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Gilberto Antônio Silva é Parapsicólogo, Terapeuta e
Jornalista. Como Taoista, atua amplamente na pesquisa e divulgação desta
fantástica cultura chinesa através de cursos, palestras e artigos. É autor de
14 livros, a maioria sobre cultura oriental e Taoismo. Sites: www.taoismo.org e
www.laoshan.com.br
Olá professor, apesar de não se enquadrar no teor deste post, mas por já ter encontrado no blog um anterior sobre o tema das cruzes e seu significado, gostaria de lhe colocar a questão: Viajava num autoestrada no sentido norte/sul, na manhã da passada segunda-feira cerca da hora do meio-dia, céu claro, sol brilhante, muito poucas nuvens, quando deparo com um estranho desenho. como que feito pelo traço que os aviões a jato costumam deixar. O desenho era de grandes proporções, não parecia estar a muita altitude e configurava nitidamente uma cruz com um circulo na base, tinha uma inclinação de sensivelmente 35graus e a ponta do braço esquerdo inclinava para baixo. Pareceu-me difícil ter sido feito por aviões militares ou de acrobacia aérea dado a perfeição das linhas, também não me pareceu feito pela ação do vento, e não encontro explicação que caiba na minha capacidade de entendimento. No entanto, vi-a durante vários km. Não fotografei devido á impossibilidade de parar no autoestrada. Parece-lhe que esta discrição pode ser enquadrada em algum tipo de cruz conhecido?
ResponderExcluirObrigado pela atenção dispensada.