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domingo, 22 de outubro de 2017

Os Sete Níveis do Ser Humano

Há alguns anos, um buscador aproximou-se de um Mestre da Arte Real (um verdadeiro Místico) e perguntou-lhe:
– Mestre, gostaria muito de saber por que razão os seres humanos guerreiam-se e por que não conseguem entender-se, por mais que apregoem estar buscando a Paz e o entendimento, por mais que apregoem o Amor e por mais que afirmem abominar o Ódio.
– Essa é uma pergunta muito séria. Gerações e gerações a têm feito e não conseguiram uma resposta satisfatória, por não se darem conta de que tudo é uma questão de nível evolutivo. A grande maioria da Humanidade do Planeta Terra está vivendo atualmente no nível 1. Muitos outros, no nível 2 e alguns outros no nível 3. Essa é a grande maioria. Alguns poucos já conseguiram atingir o nível 4, pouquíssimos o nível 5, raríssimos o nível 6 e somente de mil em mil anos aparece algum que atingiu o nível 7.
– Mas, Mestre, que níveis são esses?
– Não adiantaria nada explicá-los, pois além de não entender, também, logo em seguida, você os esqueceria e esqueceria também a explicação.
Assim, prefiro levá-lo numa viagem mental, para realizar uma série de experimentos e aí, então, tenho certeza, você vivenciará e saberá exatamente o que são esses níveis, cada um deles, nos seus mínimos detalhes.
Colocou, então, as pontas de dois dedos na testa do consulente e, imediatamente, ambos estavam em um outro local, em outra dimensão do Espaço e do Tempo.
O local era uma espécie de bosque, e um homem se aproximava deles. Ao chegar mais perto, disse-lhe o Mestre:
– Dê-lhe um tapa no rosto.
– Mas por quê? Ele não me fez nada…
– Faz parte do experimento. Dê-lhe um tapa, não muito forte, mas dê-lhe um tapa!
E o homem aproximou-se mais do Mestre e do consulente. Este, então, chegou até o homem, pediu-lhe que parasse e, sem nenhum aviso, deu-lhe um tapa que estalou.
Imediatamente, como se fosse feito de mola, o desconhecido revidou com uma saraivada de socos e o consulente foi ao chão, por causa do inesperado do ataque.
Instantaneamente, como num passe de mágica, o Mestre e o consulente já estavam em outro lugar, muito semelhante ao primeiro e outro homem se aproximava. O Mestre, então comentou:
– Agora, você já sabe como reage um homem do nível 1. Não pensa. Age mecanicamente. Revida sem pensar. Aprendeu a agir dessa maneira e esse aprendizado é tudo para ele, é o que norteia sua vida, é sua “muleta”. Agora, você testará da mesma maneira, o nosso companheiro que vem aí, do nível 2.
Quando o homem se aproximou, o consulente pediu que parasse e lhe deu um tapa. O homem ficou assustado, olhou para o consulente, mediu-o de cima a baixo e, sem dizer nada, revidou com um tapa, um pouco mais forte.
Instantaneamente, já estavam em outro lugar muito semelhante ao primeiro.
– Agora, você já sabe como reage um homem do nível 2. Pensa um pouco, analisa superficialmente a situação, verifica se está à altura do adversário e aí, então, revida. Se se julgar mais fraco, não revidará imediatamente, pois irá revidar à traição. Ainda é carregado pelo mesmo tipo de “muleta” usada pelo homem do nível 1. Só que analisa um pouco mais as coisas e fatos da vida. Entendeu? Repita o mesmo com esse aí que vem chegando.
A cena repetiu-se. Ao receber o tapa, o homem parou, olhou para o consulente e assim falou:
– O que é isso, moço?… Mereço uma explicação, não acha? Se não me explicar direitinho por que razão me bateu, vai levar uma surra!
Estou falando sério!
– Eu e o Mestre estamos realizando uma série de experimentos e este experimento consta exatamente em fazer o que fiz, ou seja, bater nas pessoas para ver como reagem.
– E querem ver como reajo?
– Sim. Exatamente isso…
– Já reparou que não tem sentido?
– Como não? Já aprendemos ótimas lições com as reações das outras pessoas. Queremos saber qual a lição que você irá nos ensinar…
– Ainda não perceberam que isso não faz sentido? Por que agredir as pessoas assim, gratuitamente?
– Queremos verificar – interferiu o Mestre – as reações mais imediatas e primitivas das pessoas. Você tem alguma sugestão ou consegue atinar com alguma alternativa?
– De momento, não me ocorre nenhuma. De uma coisa, porém, estou certo: – Esse teste é muito bárbaro, pois agride os outros. Estou, realmente, muito assustado e chocado com essa ação de vocês, que parecem pessoas inteligentes e sensatas. Certamente, deverá haver algo menos agressivo e mais inteligente. Não acham?
– Enfim – perguntou o buscador – como você vai reagir? Vai revidar?
Ou vai nos ensinar uma outra maneira de conseguir aprender o que desejamos?
– Já nem sei se continuo discutindo com vocês, pois acho que estou perdendo meu tempo. São dois malucos e tenho coisas mais importantes para fazer do que ficar conversando com dois malucos. Afinal, meu tempo é precioso demais e não vou desperdiçá-lo com vocês. Quando encontrarem alguém que não seja tão sensato e paciente como eu, vão aprender o que é agredir gratuitamente as pessoas. Que outro, em algum outro lugar, revide por mim. Não vou nem perder meu tempo com vocês, pois não merecem meu esforço… São uns perfeitos idiotas… Imagine só, dar tapas nos outros… Besteira… Idiotice… Falta do que fazer… E ainda querem me convencer de que estão buscando conhecimento… Picaretas! Isso é o que vocês são! Uns picaretas! Uns charlatães!
Imediatamente, aquela cena apagou-se e já se encontravam em outro luar, muito semelhante a todos os outros. Então, o Mestre comentou:
– Agora, você já sabe como age o homem do nível 3. Gosta de analisar a situação, discutir os pormenores, criticar tudo, mas não apresenta nenhuma solução ou alternativa, pois ainda usa as mesmas “muletas” que os outros dois anteriores também usavam. Prefere deixar tudo “pra lá”, pois “não tem tempo” para se aborrecer com a ação, que prefere deixar para os “outros”. É um erudito e teórico que fala muito, mas que age muito pouco e não apresenta nenhuma solução para nenhum problema, a não ser a mais óbvia e assim mesmo, olhe lá… É um medíocre enfatuado, cheio de erudição, que se julga o “Dono da Verdade”, que se acha muito “entendido” e que reclama de tudo e só sabe criticar. É o mais perigoso de todos, pois costuma deter cargos de comando, por ser, geralmente, portador de algum diploma universitário em nível de bacharel (mais uma outra “muleta”) e se pavoneia por isso. Possui instrução e muita erudição. Já consegue ter um pouquinho mais de percepção das coisas, mas é somente isso. Ainda precisa das “muletas” para continuar vivendo, mas começa a perceber que talvez seja melhor andar sem elas. No entanto, por “preguiça vital” e simples falta de força de vontade, prefere continuar a utilizá-las. De resto, não passa de um medíocre enfatuado que sabe apenas argumentar e tudo criticar. Vamos, agora, saber como reage um homem do nível 4. Faça o mesmo com esse que aí vem.
E a cena repetiu-se.
O caminhante olhou para o buscador e perguntou:
– Por que você fez isso? Eu fiz alguma coisa errada? Ofendi você de alguma maneira? Enfim, gostaria de saber por que motivo você me bateu. Posso saber?
– Não é nada pessoal. Eu e o Mestre estamos realizando um experimento para aprender qual será a reação das pessoas diante de uma agressão imotivada.
– Pelo visto, já realizaram este experimento com outras pessoas. Já devem ter aprendido muito a respeito de como reagem os seres humanos, não é mesmo?
– É… Estamos aprendendo um bocado. Qual será sua reação? O que pensa de nosso experimento? Tem alguma sugestão melhor?
– Hoje, vocês me ensinaram uma nova lição e estou muito satisfeito com isso e só tenho a agradecer por me haverem escolhido para participar deste seu experimento. Apenas acho que vocês estão correndo o risco de encontrar alguém que não consiga entender o que estão fazendo e revidar à agressão. Até chego a arriscar-me a afirmar que vocês já encontraram esse tipo de pessoa, não é mesmo? Mas também se não corrermos algum risco na vida, nada, jamais, poderá ser conseguido, em termos de evolução. Sob esse ponto de vista, a metodologia experimental que vocês imaginaram é tão boa como outra qualquer. Já encontraram alguém que não entendesse o que estão a fazer e igualmente reações hostis, não é mesmo? Por outro lado, como se trata de um aprendizado, gostaria muito de acompanhá-los para partilhar desse aprendizado. Aceitar-me-iam como companheiro de jornada? Gostaria muito de adquirir novos conhecimentos. Posso ir com vocês?
– E se tudo o que dissemos for mentira? E se estivermos mal-intencionados? – perguntou o Mestre – Como reagiria a isso?
– Somente os loucos fazem coisas sem uma razão plausível. Sei, muito bem, distinguir um louco de um são e, definitivamente, tenho a mais cristalina das certezas de que vocês não são loucos. Logo, alguma razão vocês deverão ter para estarem agredindo gratuitamente as pessoas. Essa razão que me deram é tão boa e plausível como qualquer outra. Seja ela qual for, gostaria de seguir com vocês para ver se minhas conjecturas estão certas, ou seja, de que falaram a verdade e, se assim o for, compartilhar da experiência de vocês. Enfim, desejo aprender cada vez mais, e esta é uma boa ocasião para isso. Não acham?
Instantaneamente, tudo se desfez e logo estavam em outro ambiente, muito semelhante aos anteriores. O Mestre assim comentou:
– O homem do nível 4 já está bem distanciado e se desligando gradativamente dos afazeres mundanos. Já sabe que existem outros níveis mais baixos e outros mais elevados e está buscando apenas aprender mais e mais para evoluir, para tornar-se um sábio. Não é, em absoluto um erudito (embora até mesmo possa possuir algum diploma universitário) e já compreende bem a natureza humana para fazer julgamentos sensatos e lógicos. Por outro lado, possui uma curiosidade muito grande e uma insaciável sede de conhecimentos. E isso acontece porque abandonou suas “muletas” há muito pouco tempo, talvez há um mês ou dois. Ainda sente falta delas, mas já compreendeu que o melhor mesmo é viver sem elas. Dentro de muito pouco tempo, só mais um pouco de tempo, talvez mais um ano ou dois, assim que se acostumar, de fato, a sequer pensar nas muletas, estará realmente começando a trilhar o caminho certo para os próximos níveis. Mas vamos continuar com o nosso aprendizado. Repita o mesmo com este homem que aí vem, e vamos ver como reage um homem do nível 5.
O tapa estalou.
– Filho meu… Eu bem o mereci por não haver logo percebido que estavas necessitando de ajuda. Em que te posso ser útil?
– Não entendi… Afinal, dei-lhe um tapa. Não vai reagir?
– Na verdade, cada agressão é um pedido de ajuda. Em que te posso ajudar, filho meu?
– Estamos dando tapas nas pessoas que passam, para conhecermos suas reações. Não é nada pessoal…
– Então, é nisso que te posso ajudar? Ajudar-te-ei com muita satisfação pedindo-te perdão por não haver logo percebido que desejas aprender. É meritória tua ação, pois o saber é a coisa mais importante que um ser humano pode adquirir. Somente por meio do saber é que o homem se eleva. E se estás querendo aprender, só tenho elogios a te oferecer. Logo aprenderás a lição mais importante que é a de ajudar desinteressadamente as pessoas, assim como estou a fazer com vocês, neste momento. Ainda terás um longo caminho pela frente, mas se desejares, posso ser o teu guia nos passos iniciais e te poupar de muitos transtornos e dissabores. Sinto-me perfeitamente capaz de guiar-te nos primeiros passos e fazer-te chegar até onde me encontro. Daí para diante, faremos o restante do aprendizado juntos. O que achas da proposta? Aceitas-me como teu guia?
Instantaneamente, a cena se desfez e logo se viram em outro caminho, um pouco mais agradável do que os demais, e o Mestre assim se expressou:
– Quando um homem atinge o nível 5, começa a entender que a Humanidade, em geral, digamos, o homem comum, é como uma espécie de adolescente que ainda não conseguiu sequer se encontrar e, por esse motivo, como todo e qualquer bom adolescente, é muito inseguro e, devido a essa insegurança, não sabe como pedir ajuda e agride a todos para chamar atenção sobre si mesmo e pedir, então, de maneira velada e indireta, a ajuda de que necessita. O homem do nível 5 possui a sincera vontade de ajudar e de auxiliar a todos desinteressadamente, sem visar vantagens pessoais. É como se fosse uma Irmã Dulce, um Chico Xavier ou uma Madre Teresa de Calcutá da vida. Sabe ser humilde e reconhece que ainda tem muito a aprender para atingir níveis evolutivos mais elevados. E deseja partilhar gratuitamente seus conhecimentos com todos os seres humanos. Compreende que a imensa maioria dos seres humanos usa “muletas” diversas e procura ajudá-los, dando-lhes exatamente aquilo que lhe é pedido, de acordo com a “muleta” que estão usando ou com o que lhes é mais acessível no nível em que se encontram. A partir do nível 5, o ser humano adquire a faculdade de perceber em qual nível o seu interlocutor se encontra. Agora, dê um tapa nesse homem que aí vem. Vamos ver como reage o homem do nível 6.
E o buscador iniciou o ritual. Pediu ao homem que parasse e lançou a mão ao seu rosto. Jamais entenderá como o outro, com um movimento quase instantâneo, desviou-se e a sua mão atingiu apenas o vazio.
– Meu filho querido! Por que você queria ferir-se a si mesmo? Ainda não aprendeu que agredindo os outros você estará agredindo a si mesmo? Você ainda não conseguiu entender que a Humanidade é um organismo único e que cada um de nós é apenas uma pequena célula desse imenso organismo? Seria você capaz de provocar, deliberadamente, em seu corpo, um ferimento que vai doer muito e cuja cicatrização orgânica e psíquica vai demorar e causará muito sofrimento inútil?
– Mas estamos realizando um experimento para descobrir qual será a reação das pessoas a uma agressão gratuita.
– Por que você não aprende primeiro a amar? Por que, em vez de dar um tapa, não dá um beijo nas pessoas? Assim, em lugar de causar-lhes sofrimento, estará demonstrando Amor. E o Amor é a Energia mais poderosa e sublime do Universo. Se você aprender a lição do Amor, logo poderá ensinar Amor para todas as outras células da Humanidade, e tenho a mais concreta certeza de que, em muito pouco tempo, toda a Humanidade será um imenso organismo amoroso que distribuirá Amor por todo o planeta e daí, por extensão, emitirá vibrações de Amor para todo o Universo. Eu amo a todos como amo a mim mesmo. No instante em que você compreender isso, passará a amar a si mesmo e a todos os demais seres humanos da mesma maneira e terá aprendido a Regra de Ouro do Universo: – Tudo é Amor! A vida é Amor! Nós somos centelhas de Amor! E por tanto amar você, jamais poderia permitir que você se ferisse, agredindo a mim. Se você ama uma criança, jamais permitirá que ela se machuque ou se fira, porque ela ainda não entende que se agir de determinada maneira perigosa irá ferir-se e irá sofrer. Você a amparará, não é mesmo? Você deverá aprender, em primeiro lugar, a Lição do Amor, a viver o Amor em toda sua plenitude, pois o Amor é tudo e, se você está vivo, deve sua vida a um Ato de Amor. Pense nisso, medite muito sobre isso. Dê Amor gratuitamente. Ensine Amor com muito Amor e logo verá como tudo a seu redor vai ficar mais sublime, mais diáfano, pois você estará flutuando sob os influxos da Energia mais poderosa do Universo, que é o Amor. E sua vida será sublime…
Instantaneamente, tudo se desfez e se viram em outro ambiente, ainda mais lindo e repousante do que este último em que estiveram. Então o Mestre falou:
– Este é um dos níveis mais elevados a que pode chegar o Ser Humano em sua senda evolutiva, ainda na Matéria, no Planeta Terra. Um homem que conseguiu entender o que é o Amor, já é um Homem Sublime, Inefável e quase Inatingível pelas infelicidades humanas, pois já descobriu o Começo da Verdade, mas ainda não a conhece em toda sua Plenitude, o que só acontecerá quando atingir o nível 7. Logo você descobrirá isso. Dê um tapa nesse homem que aí vem chegando.
E o buscador pediu ao homem que parasse. Quando seus olhares se cruzaram, uma espécie de choque elétrico percorreu-lhe todo o corpo e uma sensação mesclada de amor, compaixão, amizade desinteressada, compreensão, de profundo conhecimento de tudo que se relaciona à vida e um enorme sentimento de extrema segurança encheram-lhe todo o seu ser.
– Bata nele! – ordenou o Mestre.
– Não posso, Mestre, não posso…
– Bata nele! Faça um grande esforço, mas terá que bater nele! Nosso aprendizado só estará completo se você bater nele! Faça um grande esforço e bata! Vamos! Agora!
– Não, Mestre. Sua simples presença já é suficiente para que eu consiga compreender a futilidade de lhe dar um tapa. Prefiro dar um tapa em mim mesmo. Nele, porém, jamais!
– Bate-me – disse o Homem com muita firmeza e suavidade – pois só assim aprenderás tua lição e saberás finalmente, porque ainda existem guerras na Humanidade.
– Não posso… Não posso… Não tem o menor sentido fazer isso…
– Então – tornou o Homem – já aprendeste tua lição. Quem, dentre todos em quem bateste, a ensinou para ti? Reflete um pouco e me responde.
– Acho que foram os três primeiros, do nível 1 ao nível 3. Os outros apenas a ilustraram e a complementaram. Agora, compreendo o quão atrasados eles estão e o quanto ainda terão que caminhar na senda evolutiva para entender esse fato. Sinto por eles uma compaixão muito profunda. Estão de “muletas” e não sabem disso. E o pior de tudo é que não conseguem perceber que é até muito simples e muito fácil abandoná-las e que, no preciso instante em que a s abandonarem, começarão a progredir. Era essa a lição que eu deveria aprender?
– Sim, filho meu. Essa é apenas uma das muitas facetas do Verdadeiro Aprendizado. Ainda terás muito que aprender, mas já aprendeste a primeira e a maior de todas as lições. Existe a Ignorância! – volveu o Homem com suavidade e convicção – Mas ainda existem outras coisas mais que deves ter aprendido. O que foi?
– Aprendi, também, que é meu dever ensiná-los para que entendam que a vida está muito além daquilo que eles julgam ser muito importante – as suas “muletas” – e também sua busca inútil e desenfreada por sexo, status social, riquezas e poder. Nos outros níveis, comecei a entender que para se ensinar alguma coisa para alguém é preciso que tenhamos aprendido aquilo que vamos ensinar. Mas isso é um processo demorado demais, pois todo mundo quer tudo às pressas, imediatamente…
– A Humanidade ainda é uma criança , mal acabou de nascer, mal acabou de aprender que pode caminhar por conta própria, sem engatinhar, sem precisar usar “muletas”. O grande erro é que nós queremos fazer tudo às pressas e medir tudo pela duração de nossas vidas individuais. O importante é que compreendamos que o tempo deve ser contado em termos cósmicos, universais. Se assim o fizermos, começaremos, então, a entender que o Universo é um organismo imenso, ainda relativamente novo e que também está fazendo seu aprendizado por intermédio de nós – seres vivos conscientes e inteligentes que habitamos planetas disseminados por todo o Espaço Cósmico. Nossa vida individual só terá importância, mesmo, se conseguirmos entender e vivenciar, este conhecimento, esta grande Verdade: – Somos todos uma imensa equipe energética atuando nos mais diversos níveis energéticos daquilo que é conhecido como Vida e Universo, que, no final das contas, é tudo a mesma coisa.
– Mas sendo assim, para eu aprender tudo de que necessito para poder ensinar aos meus irmãos, precisarei de muito mais que uma vida. Ser-me-ão concedidas mais outras vidas, além desta que agora estou vivendo?
– Mas ainda não conseguiste vislumbrar que só existe uma única Vida e tu já a estás vivendo há milhões e milhões de anos e ainda a viverás por mais outros tantos milhões, nos mais diversos níveis? Tu já foste energia pura, átomo, molécula, vírus, bactéria, enfim, todos os seres que já apareceram na escala biológica. E tu ainda és tudo isso. Compreende, filho meu, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
– Mas mesmo assim, então, não terei tempo, neste momento atual de minha manifestação no Universo, de aprender tudo o que é necessário ensinar aos meus irmãos que ainda se encontram nos níveis 1, 2 e 3.
– E quem o terá jamais, algum dia? Mas isso não tem a menor importância, pois tu já estás a ensinar o que aprendeste, nesta breve jornada mental. Já aprendeste que existem 7 níveis evolutivos possíveis aos seres humanos, aqui, agora, neste Planeta Terra. O Autor deste conto conseguiu transmiti-lo, há alguns milênios, através da Tradição Oral, durante muitas e muitas gerações. O Autor deste trabalho, ao ler esse conto, há muitos anos atrás, também aprendeu a mesma lição e agora a está transmitindo para todos aqueles que vierem a lê-lo e, no final, alguns desses leitores, um dia, ensinarão essa mesma lição a outros irmãos humanos. Compreendes, agora, que não será necessário mais do que uma única vida como um ser humano, neste Planeta Terra, para que aprendas tudo e que possas transmitir esse conhecimento a todos os seres humanos, nos próximos milênios vindouros? É só uma questão de tempo, não concordas, filho meu?
Agora, se quem deste aprendizado tomar conhecimento e, assim mesmo, não desejar progredir, não quiser deixar de lado as “muletas”  que está usando ou não quiser aceitar essa verdade tão cristalina, o problema e a responsabilidade já não serão mais teus. Tu e todos os demais que estão transmitindo esse conhecimento já cumpriram as suas partes. Que os outros, os que dele estão tomando conhecimento, cumpram as suas. Para isso são livres e possuem o discernimento e o livre-arbítrio suficientes para fazer suas escolhas e nada tens com isso. Entendeste, filho meu?



domingo, 3 de setembro de 2017

O Clube dos 99 - Uma Fábula Árabe

Era uma vez um rei muito rico. Tinha tudo. Dinheiro, poder, conforto, centenas de súditos. Mas, ainda assim não era feliz.
Um dia, cruzou com um de seus criados, que assobiava alegremente enquanto esfregava o chão com uma vassoura. O rei ficou intrigado.
Como ele, um soberano supremo do reino, poderia andar tão cabisbaixo enquanto um humilde servente parecia desfrutar de tanto prazer?
– “Por que você está tão feliz?”, perguntou o rei.
– “Majestade, sou apenas um serviçal. Não necessito muito. Tenho um teto para abrigar minha família e uma comida quente para aquecer nossas barrigas”.
O rei não conseguia entender. Chamou então o conselheiro do reino, a pessoa em que mais confiava.
– Majestade, creio que o servente não faça parte do Clube 99.
– Clube 99? Mas, o que é isso?
– Majestade, para compreender o que é o Clube 99, ordene que seja deixado um saco com 99 moedas de ouro na porta da casa do servente”.
E assim foi feito.
Quando o pobre criado encontrou o saco de moedas na sua porta, ficou radiante. Não podia acreditar em tamanha sorte. Nem em sonhos tinha visto tanto dinheiro.
Esparramou as moedas na mesa e começou a contá-las.
-“…96, 97, 98… 99.”
Achou estranho ter 99. Achou que talvez tivessem derrubado uma.
Provavelmente eram 100. Mas, por mais que procurasse, não encontrou nada. Eram 99 mesmo.
De repente, por algum motivo, aquela moeda que faltava ganhou uma súbita importância.
Com apenas mais uma moeda de ouro, uma só, ele completaria 100. Um número de 3 dígitos! Uma fortuna de verdade.
Ficou então obcecado por completar seu recente patrimônio com a moeda que faltava.
Decidiu que faria o que fosse preciso para conseguir mais uma moeda de ouro.
Trabalharia dia e noite. Afinal, estava muito perto de ter uma fortuna de 100 moedas de ouro. Ele seria um homem rico, com 100 moedas de ouro.
E, daquele dia em diante, a vida do servente mudou. Passava o tempo todo pensando em como ganhar uma moeda de ouro.
Estava sempre cansado e resmungando pelos cantos. Tinha pouca paciência com a família que não entendia o que era preciso para conseguir a centésima moeda de ouro.
Parou de assoviar enquanto varria o chão.
O rei, percebendo essa mudança súbita de comportamento, chamou seu conselheiro.
– “Majestade, agora o servente faz, oficialmente, parte do Clube 99".
E continuou:
– “O Clube 99 é formado por pessoas que têm o suficiente para serem felizes, mas mesmo assim não estão satisfeitas”.
“Estão constantemente correndo atrás dessa moeda que lhes falta. Vivem repetindo que se tiverem apenas essa última e pequena coisa que lhes falta, aí sim poderão ser felizes de verdade”.
“Majestade, na realidade é preciso muito pouco para ser feliz. Porém, no momento em que ganhamos algo maior ou melhor, imediatamente surge a sensação de que poderíamos ter mais”.
“Passamos a acreditar que, com um pouco mais, haveria de fato, uma grande mudança. E ficamos em busca de um pouco mais. Só um pouco mais”.
“Perdemos o sono, nossa alegria, nossa paz e machucamos as pessoas que estão a nossa volta”.
“O pouco mais, sempre vira… um pouco mais”.
“Esse pouco mais é o preço do nosso desejo.”
E concluiu:
– “Isso, majestade… é o Clube dos 99."

(Fábula Árabe)

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Os Quatro Compromissos do Guerreiro Impecável

Por Don Miguel Ruiz

1 - PRIMEIRO COMPROMISSO:

SEJA IMPECÁVEL COM SUA PALAVRA
É o compromisso mais importante. É através da palavra que expressamos nosso poder criativo, quer seja através da fala ou do pensamento. É o mais poderoso instrumento que possuímos, e tanto pode ser usado para nos libertar como para nos escravizar.
O primeiro passo é ter consciência do poder da palavra. E aí então, torná-la impecável. Impecável significa "sem pecado". Bom, mas o que é pecado? Pecado é quando vamos contra a nossa natureza mais íntima, a nossa essência. Ou seja, sempre que nos julgamos, estamos pecando. Sempre que nos julgamos, nos criticamos, nos culpamos, nos condenamos, estamos pecando. E isso cria uma série de conflitos em nossa vida. E assim sem percebermos vamos nos escravizando a esses conflitos.
Se passarmos a sermos impecáveis com nossa palavra iremos, pouco a pouco, re-criar nossa vida na direção do bem, do amor, da harmonia. E nos libertar do conflito.
Esse é um compromisso difícil de assumir, pois vai contra muito do que nos ensinaram. Por isso que é fundamental, antes de tudo, acreditar no poder da palavra, pois foi esse mesmo poder, usado erradamente, que criou tanto conflito em nossa vida.
O próximo passo é assumir consigo mesmo o compromisso de sermos impecáveis com nossa palavra. Devemos observar a nós mesmos, o que dizemos, o que pensamos, e ir modificando nossa palavra. Observar a forma como falamos com nós mesmos (nosso diálogo interior) e evitar qualquer pensamento de crítica, julgamento, culpa, substituindo- os por pensamentos de apoio, afeto, confiança, aceitação. Aos poucos vamos realizando também esse processo na forma como lidamos com os outros, como falamos com eles, como pensamos sobre eles.
Ser impecável com nossa palavra é usar nossa palavra para cultivar a semente do amor que existe em nós. É só em terreno fértil que esse amor pode crescer e frutificar.

2 - SEGUNDO COMPROMISSO:

NÃO LEVE NADA PARA O LADO PESSOAL:
Se você leva as coisas pro lado pessoal é porque, em algum nível, você concorda com o que está sendo dito.
Nós costumamos levar as coisas pro lado pessoal devido a uma coisa chamada "importância pessoal". Achamos que tudo o que acontece a nossa volta tem a ver conosco. Será que tem mesmo?
O que os outros fazem, dizem ou pensam tem a ver com a forma como os outros vêem o mundo, e não tem nada a ver com você. Já parou pra pensar nisso?
Os outros vêem o mundo baseado nos compromissos que assumiram consigo mesmos (suas crenças) e isso não tem nada a ver com você.
Quando você se sente ofendido ou magoado por outra pessoa sua reação é defender seus compromissos (suas crenças) como algo certo, estabelecido, como uma "verdade", quando são apenas suas crenças. Saiba que os outros não tem nada a ver com suas crenças.
Daí tantos conflitos e tanto caos criado em nossas vidas. Eu levo tudo pro lado pessoal, e os outros também. Eu defendo meus pontos de vista e os outros defendem os pontos de vista deles.
Não deveríamos levar nada para o lado pessoal, nem as críticas e nem os elogios.
Não levar nada para o lado pessoal é viver em estado de tal amor que todo o mundo ao nosso redor é visto por esse prisma, sob o ponto de vista do AMOR. Se vejo tudo com olhos amorosos, me liberto das críticas e até dos elogios.
O contrário do amor é o medo, e quanto mais medo tivermos em nós, mais levaremos as coisas para o lado pessoal, criando caos e conflito.
Escolha: quero ver o mundo com olhos medrosos? Ou quero ver o mundo com olhos amorosos? Assuma o compromisso de não levar nada para o lado pessoal, vendo tudo com olhos amorosos.

3 - TERCEIRO COMPROMISSO:

NÃO TIRE CONCLUSÕES:
Temos tendência a tirar conclusões sobre tudo, a presumir verdades.
É por isso que levamos tudo pro lado pessoal, porque acreditamos em nossas conclusões, em nossas "verdades", e como criamos conflito por isso...
Buscamos conclusões porque buscamos nos sentir seguros.
Tiramos conclusões até de nós mesmos. De onde você acha que vem nosso autojulgamento? De nossas conclusões sobre nós mesmos!
Não tirar conclusões significa viver a vida como ela é, dinâmica, viva, aberta, eternamente em movimento. Pare de presumir verdades e simplesmente viva!

Claro que você pode saber mais sobre uma pessoa ou uma situação. Nesse caso, faça perguntas, quantas achar necessário, mas nunca ache que você detém toda a verdade. Tal coisa é impossível..

QUARTO COMPROMISSO:

DÊ SEMPRE O MELHOR DE SI:
Esse compromisso se refere a ação dos três compromissos anteriores.
Sempre dê o seu melhor, mas lembre que esse melhor nunca será o mesmo, pois tudo sempre está mudando. Lembra quando disse que a vida é dinâmica, aberta, sempre em movimento? Pois é! Por isso, não busque aquele melhor idealizado que só existe nos filmes e que nos ensinaram (esse melhor idealizado só serve pra nos criticarmos, pois nunca conseguimos atingi-lo).
Dar o melhor de si significa não se esforçar exageradamente nem fazer corpo mole. Dê o seu melhor de cada momento, nem mais, nem menos.
Quando você faz o seu melhor pode ter prazer na ação, ao invés de fazer as coisas apenas esperando resultados, apenas esperando a recompensa.
Dar o seu melhor é ser feliz desde agora!
Assim, você irá atingir um ponto em que tudo o que você faz é sempre o seu melhor.
Sempre que não conseguir manter um dos compromissos anteriores, não há problema, não se julgue, não se culpe. Você deu o seu melhor! E siga em frente.

Pequeno Resumo Do Livro "Os Quatro Compromissos: O Livro Da Filosofia Tolteca", De Don Miguel Ruiz, Editora Best Seller.


quinta-feira, 8 de junho de 2017

Buda e o Tapa

Buda estava sentado embaixo de uma árvore falando aos seus discípulos. Um homem se aproximou e deu-lhe um tapa no rosto.
Buda esfregou o local e perguntou ao homem:
– E agora? O que vai querer dizer?
O homem ficou um tanto confuso, porque ele próprio não esperava que, depois de dar um tapa no rosto de alguém, essa pessoa perguntasse: “E agora?” Ele não passara por essa experiência antes. Ele insultava as pessoas e elas ficavam com raiva e reagiam. Ou, se fossem covardes, sorriam, tentando suborná-lo. Mas Buda não era num uma coisa nem outra; ele não ficara com raiva nem ofendido, nem tampouco fora covarde. Apenas fora sincero e perguntara: “E agora?” Não houve reação da sua parte.

Os discípulos de Buda ficaram com raiva, reagiram. O discípulo mais próximo, Ananda, disse:
– Isso foi demais: não podemos tolerar. Buda, guarde os seus ensinamentos para o senhor e nós vamos mostrar a este homem que ele não pode fazer o que fez. Ele tem de ser punido por isso. Ou então todo mundo vai começar a fazer dessas coisas.
– Fique quieto – interveio Buda – Ele não me ofendeu, mas você está me ofendendo. Ele é novo, um estranho. E pode ter ouvido alguma coisa sobre mim de alguém, pode ter formado uma idéia, uma noção a meu respeito. Ele não bateu em mim; ele bateu nessa noção, nessa idéia a meu respeito; porque ele não me conhece, como ele pode me ofender? As pessoas devem ter falado alguma coisa a meu respeito, que “aquele homem é um ateu, um homem perigoso, que tira as pessoas do bom caminho, um revolucionário, um corruptor”. Ele deve ter ouvido algo sobre mim e formou um conceito, uma idéia. Ele bateu nessa idéia.
Se vocês refletirem profundamente, continuou Buda, ele bateu na própria mente. Eu não faço parte dela, e vejo que este pobre homem tem alguma coisa a dizer, porque essa é uma maneira de dizer alguma coisa: ofender é uma maneira de dizer alguma coisa. Há momentos em que você sente que a linguagem é insuficiente: no amor profundo, na raiva extrema, no ódio, na oração.
Há momentos de grande intensidade em que a linguagem é impotente; então você precisa fazer alguma coisa. Quando vocês estão apaixonados e beijam ou abraçam a pessoa amada, o que estão fazendo? Estão dizendo algo. Quando vocês estão com raiva, uma raiva intensa, vocês batem na pessoa, cospem nela, estão dizendo algo. Eu entendo esse homem. Ele deve ter mais alguma coisa a dizer; por isso pergunto: “E agora?”
O homem ficou ainda mais confuso! E buda disse aos seus discípulos:
– Estou mais ofendido com vocês porque vocês me conhecem, viveram anos comigo e ainda reagem.
Atordoado, confuso, o homem voltou para casa. Naquela noite não conseguiu dormir.
Na manhã seguinte, o homem voltou lá e atirou-se aos pés de Buda. De novo, Buda lhe perguntou:
– E agora? Esse seu gesto também é uma maneira de dizer alguma coisa que não pode ser dita com a linguagem. Voltando-se para os discípulos, Buda falou:
– Olhe, Ananda, este homem aqui de novo. Ele está dizendo alguma coisa. Este homem é uma pessoa de emoções profundas.
O homem olhou para Buda e disse:
– Perdoe-me pelo que fiz ontem.
– Perdoar? – exclamou Buda. – Mas eu não sou o mesmo homem a quem você fez aquilo. O Ganges continua correndo, nunca é o mesmo Ganges de novo. Todo homem é um rio. O homem em quem você bateu não está mais aqui: eu apenas me pareço com ele, mas não sou mais o mesmo; aconteceu muita coisa nestas vinte e quatro horas! O rio correu bastante. Portanto, não posso perdoar você porque não tenho rancor contra você.
E você também é outro, continuou Buda. Posso ver que você não é o mesmo homem que veio aqui ontem, porque aquele homem estava com raiva; ele estava indignado. Ele me bateu e você está inclinado aos meus pés, tocando os meus pés; como pode ser o mesmo homem? Você não é o mesmo homem; portanto, vamos esquecer tudo. Essas duas pessoas: o homem que bateu e o homem em quem ele bateu não estão mais aqui. Venha cá. Vamos conversar.
Osho; Intimidade Como Confiar em Si Mesmo e nos Outros


terça-feira, 30 de maio de 2017

Eu Não Forço Mais as Coisas

Por Wandy Luz
Eu não forço mais as coisas.
O que flui, flui.
O que termina, termina.
E o que tiver que ser, será.
E se não for, tudo bem, porque eu só tenho espaço e energia em minha vida, para pessoas e coisas que me façam feliz.
Temos uma mania feia de querer controlar tudo, na verdade eu diria até que somos audaciosos demais, quando achamos que as coisas vão acontecer quando e da maneira que a gente quiser. Estamos todos em uma jornada, estamos aqui para aprender a viver de verdade.
Não existem fórmulas secretas, ou respostas prontas.
Existe você, sua alma, seu espírito, e uma vida para ser usufruída. O desafio está em como você decide se posicionar diante de tudo o que te acontece durante a jornada.
O que vai te motivar? 
O dinheiro? 
O poder? 
A fama? 
O sucesso? 
Quem você vai querer impressionar e por que? 
A escolha é sua, e totalmente livre.
É preciso lembrar que para cada escolha, existe uma renúncia, e para cada ação, uma reação.
E por falar em escolhas, saiba que a todo momento decidimos os próximos capítulos de nossa vida, cada rua que viramos, cada ônibus que pegamos, cada pessoa que olhamos nos olhos, nos levarão, a algum lugar. 
Então cuidado com as suas escolhas.
Aprecie todos os presentes que Deus nos dá, seja grato pela liberdade de poder ser e fazer o que bem quiser, seja livre em sua essência, seja livre para deixar sua alma brilhar, e seu espírito evoluir.
Não se torne prisioneiro do passado.
O que não foi benção foi lição, e não uma sentença de morte.  
Errou? 
Aprenda, não repita e apenas continue.
Independente de tudo, viva, encontre seu propósito, se apaixone pela simplicidade, se encante com as verdadeiras belezas, e não se engane com as falsas promessas e propagandas enganosas, nem tudo que reluz é ouro. 
Às vezes toda a beleza e fortuna de um diamante estão bem diante de você, e só é preciso um pouco de esforço e trabalho para lapidá-lo.
Molduras bonitas, não salvam quadros ruins, então olhe com os olhos da alma, e sobre tudo que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem às fontes de vida.

domingo, 23 de abril de 2017

A Origem de Alguns Gestos Comuns no Dia a Dia

1. Aperto de mão
O aperto de mão era a forma pela qual um deus concedia poder a um dirigente terrestre. Isso está gravado em diversos hieróglifos egípcios, em que o verbo "dar" é representado por uma única mão estendida. Os historiadores acreditam que o homem primitivo, que andava sempre armado, estendia a mão para mostrar para alguém que não portava armas e desejava a paz. Mas o aperto mesmo é um costume que teve origem nos duelos de espada da Idade Média. Os adversários, por exigência do regulamento, eram obrigados a fazer uma saudação especial, e o cumprimento antes do início da luta era um abraço. Com medo de um golpe traiçoeiro, os rivais, com o tempo, decidiram mudar o protocolo e trocaram o abraço por um forte aperto de mão.

2. Aplauso
O aplauso existe há cerca de 3 mil anos. No princípio, era um gesto religioso, popularizado em rituais pagãos: o barulho deveria chamar a atenção dos deuses. Segundo a mitologia, o gesto foi inventado por Crotos, filho de deus Pan e de Eufeme, ama-de-leite das musas, para mostrar sua admiração por elas. O nome Crotos vem de "kroto", palavra grega que representa o barulho das palmas. Depois disso, o hábito passou para o teatro clássico grego. O costume chegou à Roma pré-cristã, onde se tornou comum nos discursos populares.

3. Assobio
Na Antiguidade, o assobio (produção de um som agudo comprimindo o ar entre os lábios) podia ser um aviso ou um insulto. Com o tempo, a intenção do gesto tornou-se mais amigável. A palavra, em português, veio do latim "assibilare".

4. Banana
De acordo com Luís da Câmara Cascudo, esse gesto obsceno representaria o órgão reprodutor masculino e, a mão fechada, o ato de introduzi-lo no ânus de quem está se xingando. Dar uma banana é um gesto comum também - e igualmente ofensivo - em Portugal, onde é chamado de "manguito" ou "mangarito", na Espanha, na Itália e na França.

5. Bater na madeira
Os três toques na madeira servem para espantar maus agouros. É mais uma superstição romana que permaneceu no tempo e que veio da Europa para o Brasil. Batia-se na mesa para invocar os Lares, deuses domésticos que protegiam a família. Outra versão diz que esse costume começou há cerca de 4 mil anos entre os índios da América do Norte. Eles perceberam que, apesar de sua imponência, o carvalho era a árvore mais atingida pelos raios. Concluíram, portanto, que se tratava da morada dos deuses na Terra. Toda vez que se sentiam culpados de alguma coisa, os índios batiam no tronco da árvore para chamar as divindades e pedir perdão.

6. Cafuné
O hábito (gesto de coçar de leve a cabeça de uma pessoa para fazê-la dormir) e a palavra vieram com os escravos angolanos. O "kifune" consistia em fingir que se estava catando piolhos (no original, o termo significa "torcer"), e até se imitavam estalos para simular o esmagamento do parasita inexistente.

7. Continência
Apareceu na Idade Média e tem origem no gesto que os cavaleiros faziam para se identificar entre si. Eles seguravam as rédeas do cavalo com a mão esquerda e usavam a direita para levantar a viseira da armadura, podendo ver quem se aproximava.

8. Dedo médio
O famoso sinal do dedo médio erguido é uma das piores ofensas. O costume nasceu entre os antigos romanos, e um de seus maiores divulgadores foi o imperador Calígula. Ao apresentar a mão para ser beijada, ele estendia o dedo médio, querendo dizer: "Beije meu pênis". O povo era obrigado a beijá-la mesmo assim. O sinal também era usado pelos homossexuais romanos como um convite para outros homens como sinal de rendição pelos soldados em batalhas.

9. Figa
A figa feita com os dedos médio e indicador cruzados vem dos tempos da perseguição aos cristãos, entre os séculos I e IV. O gesto era uma tentativa de fazer com os dedos uma cruz sem atrair a atenção dos pagãos. Já a figa feita com o polegar era usada pelos antigos romanos e etruscos como amuleto que simbolizava o ato sexual. Em italiano, seu nome é "manofico", junção das palavras "mão" e "figo" - fruta que esses povos relacionavam com a vagina. O polegar era uma metáfora ao pênis. A figa representa a forma do pé de coelho, animal, relacionado com a fertilidade e a abundância.

10. Mãos ao alto
Hoje, nenhum assaltante manda mais a vítima erguer as mãos na rua: chamaria atenção. Mas tanto no crime quanto na guerra o gesto tem o mesmo significado: mostrar ao agressor, ou ao vencedor, que se está desarmado e sem intenção de reagir. É outra atitude que já tem séculos de história, observada tanto no Oriente quanto no Ocidente.


segunda-feira, 20 de março de 2017

A Flor de Lótus

A flor de Lótus é uma espécie de flor aquática, com muitos significados para os países do Oriente, especialmente o Japão, o Egito e a Índia. Ela é considerada sagrada e um dos símbolos mais antigos e mais profundos do nosso planeta. Nos ensinamentos do budismo e hinduísmo, a flor de lótus simboliza o nascimento divino, o crescimento espiritual e a pureza do coração e da mente.
O significado da flor de lótus começa em suas raízes – literalmente! A flor de lótus é um tipo de lírio d’água, cujas raízes estão fundamentadas em meio à lama e ao lodo de lagoas e lagos. O lótus vai subindo à superfície para florescer com notável beleza. O simbolismo está especialmente nesta capacidade de enfrentar a escuridão e florescer tão limpa, tão bonita e tão especial para tantas pessoas.
À noite as pétalas da flor se fecham e a flor mergulha debaixo d’água. Antes de amanhecer, ela levanta-se das profundezas novamente, até ressurgir novamente à superfície, onde abre suas pétalas novamente. Por causa desse ritualismo, os egípcios antigos associavam a flor de lótus com o deus do sol Ra, porque a flor se fecha durante a noite e se abre todas as manhãs com o ressurgimento do sol.
É também a única planta que regula o seu calor interno, mantendo-o por volta dos 35º, isto é, a mesma temperatura do corpo humano. Outra característica peculiar são suas sementes, que podem ficar mais de 5 mil anos sem água, somente esperando a condição ideal de umidade pra germinar.

A Lenda da flor de Lótus no budismo
Na lenda do Budismo relata-se que quando o Siddhartha, que mais tarde se tornaria Buda, deu os seus primeiros sete passos na terra, sete flores de lótus brotaram. Assim, cada passo dele representa um degrau no crescimento espiritual.
Os Budas em meditação são representados sentados sobre flores de lótus, e a expansão da visão espiritual na meditação (dhyana) está simbolizada pela abertura das pétalas das flores de lótus, que podem estar totalmente fechadas, semiabertas ou completamente abertas, dependendo do estágio da expansão espiritual.

Lendas egípcias da flor de lótus
A flor de Lótus é uma planta sagrada no Egito Antigo, onde é retratada no interior das pirâmides e nos antigos palácios do Egito. Segundo uma lenda, a flor está relacionada à criação do mundo e o umbigo do Deus Vishnu, onde teria nascido uma brilhante flor de lótus e desta teria surgido outra divindade, o Brahma, o criador do cosmo e dos homens. Outra lenda egípcia diz que o deus do sol Horus, nasceu também de uma flor de Lótus.

Lenda da flor de lótus no hinduísmo
Na Índia, uma pequena lenda conta a historia de sua criação: Um dia, reuniram-se para uma conversa, à beira de um lago tranquilo cercado por belas árvores e coloridas flores, quatro lendários irmãos. Eram eles o Fogo, a Terra, a Água e o Ar.
Como eram raras as oportunidades de estarem todos juntos, comentavam como haviam se tornado presos a seus ofícios, com pouco tempo livre para encontros familiares. Mas a Água lembrou aos irmãos que estavam cumprindo a lei divina, e este era um trabalho que deveria lhes trazer o maior dos prazeres.
Assim, aproveitaram o momento para confraternizar e contar, uns aos outros, o que haviam construído – e destruído – durante o tempo em que não se viam. Estavam todos muito contentes por servirem à criação e poderem dar sua contribuição à vida, trabalhando em belas e úteis formas.
Então se lembraram de como o homem estava sendo ingrato. Construído ele próprio pelo esforço destes irmãos, não dava o devido valor à vida. Os irmãos chegaram a pensar em castigar o homem severamente, deixando de ajudá-lo. Mas, por fim, preferiram pensar em coisas boas e alegres.
Antes de se despedir, decidiram deixar uma recordação ao planeta deste encontro. Queriam criar algo que trouxesse em sua essência a contribuição de cada um dos elementos, combinados com harmonia e beleza. Sentados à beira do lago, vendo suas próprias imagens refletidas, cada um deu sua sugestão e muitas ideias foram trocadas. Até que um deles sugeriu que usassem o próprio lago como origem.
Que tal um ser vivo que surgisse da água e se crescesse em direção ao céu? Uma vegetal, talvez? Decidiram-se, então, por uma planta que tivesse suas raízes rente à terra, crescesse pela água e chegasse à plenitude do ar. Ofereceram, cada um, o seu próprio dom. A Terra disse: “darei o melhor de mim para alimentar suas raízes”.
A Água foi a próxima: “Fornecerei a linfa que corre em meus seios, para trazer-lhe força para o crescimento de sua haste”. “E eu lhe cercarei com minhas melhores brisas, dando-lhe minha energia e atraindo sua flor”, disse o Ar. Então o Fogo, para finalizar o projeto, escolheu o que de melhor tinha a oferecer: “ofereço o meu calor, através do sol, trazendo-lhe a beleza das cores e o impulso do desabrochar”.
Juntos, puseram-se a trabalhar, detalhe a detalhe, na sua criação conjunta. Quando finalizaram sua obra, puderam se despedir em alegria, deixando sobre o lago a beleza da flor que se abria para o sol nascente. Assim, em vez de punir o ser humano, os quatro irmãos deixaram-lhe uma lembrança da pureza da criação e da perfeição que o homem pode um dia alcançar.
O texto acima foi elaborado a partir de excertos de matérias do site Japão em Foco

terça-feira, 14 de março de 2017

As Sete Virtudes do Bushido

Por Silvia Kawanami
O Bushido ou “Caminho do Guerreiro” é uma espécie de código de conduta que era levada muito a sério pelos samurais. Se trata de regras baseadas em princípios morais na qual o guerreiro samurai tinha o dever de segui-las a todo custo, não só no campo de batalha como também em sua vida diária.

Embora a maioria dos samurais seguissem o Código de Conduta Bushido, havia aqueles que não respeitavam os princípios básicos e com isso traziam desonra e má reputação sobre ele e sua família. Um samurai sem honra era uma coisa imperdoável e a única forma de lavar a sua honra era através do Harakiri (Ritual de Suicídio).

O Código de Conduta Bushido foi formado e influenciado pelos conceitos do Budismo, Xintoísmo e Confucionismo. E o mais interessante é que apesar desse conceito ser muito antigo, ele ainda é válido para os dias de hoje e pode ser útil para todas as pessoas do planeta. Incorporando esses princípios no nosso dia a dia, podemos nos tornar com certeza “seres humanos” melhores!

1. Gi – Justiça, Retidão e Honestidade
Seja honesto em todas as suas relações. Acredite na Justiça, não a que é dada pelos outros, e sim na sua própria justiça. Para um autêntico samurai não existem tons de cinza em relação à honestidade e justiça. Só existe o certo e o errado. E pra ser justo é necessário fazer o julgamento correto em relação à tudo em sua vida.

2. Yuu – Coragem, Bravura heroica
Um samurai deve ter coragem heroica. Viver é arriscado e perigoso e esconder-se como uma tartaruga se esconde em sua concha não é a maneira mais adequada de viver. Devemos aprender a viver a vida ao máximo, intensamente. Substitua o medo pelo respeito e cautela. A coragem heroica não é cega, ela é inteligente e forte.

3. Jin – Compaixão, Benevolência
Através de um treinamento intenso o samurai torna-se rápido e forte, porém ele usa essas habilidades para fazer o bem para as pessoas e tem compaixão por elas. Amor, amizade, solidariedade e nobreza de sentimentos são considerados como os maiores atributos da alma. Ajude seus colegas em todas as oportunidades que houver.

4. Rei – Respeito, Polidez e Cortesia
O Samurai não tem nenhuma razão para ser cruel. Não há necessidade de provar a sua força. Um samurai é cortês até mesmo para com os seus inimigos. Se não fosse assim, ele não seria melhor do que qualquer animal. Um samurai é respeitado não só por sua coragem, mas também pela forma como eles tratam os outros.

5. Makoto – Honestidade, sinceridade absoluta
Mentir é um ato considerado covarde e desonroso e portanto quando um samurai diz que vai fazer tal coisa, é como se ele já tivesse feito. Nada no mundo conseguirá impedi-lo de concretizar o que disse. Um samurai não precisa dar a sua palavra e nem precisa prometer nada. Quando um samurai fala, é porque ele vai agir.

6. Meiyo – Honra, Glória
O verdadeiro samurai só tem um juiz de sua honra, e este juiz é ele mesmo. As escolhas que você faz e como você trabalha para obtê-las são um reflexo de quem você realmente é. Você não pode se esconder de si mesmo. Muitas das nossas decisões são influenciadas pelos outros, o que nos faz parecer hipócritas.

Dizemos muitas vezes o que os outros querem que digamos, vemos o que os outros querem que vejamos. Ouvimos o que os outros querem que ouçamos. O valor da nossa dignidade pessoal está implícito na palavra honra. “Desonra é como uma cicatriz em uma árvore que o tempo, em vez de curar, só ajuda a aumentar.”

7. Chuu – Dever e Lealdade
Um samurai é extremamente leal àqueles que estão sob seus cuidados. Por quem ele é responsável, ele permanece fiel. Suas palavras e suas ações pertencem à você, assim como todas as consequências que se seguem a partir delas. “A palavra de um homem deve ser como sua impressão digital: Você deve levá-la aonde quer que vá”.

Seguir o bushido é dar ênfase à lealdade, fidelidade, coragem, justiça, educação, humildade, compaixão, honra e acima de tudo, viver e morrer com dignidade”. Quando aplicamos esses princípios em nossa vida conseguimos melhorar nosso potencial humano. Pra finalizar, uma frase do samurai Miyamoto Musashi: A vida de alguém é limitada, porém a honra e o respeito duram para sempre”.


sábado, 11 de março de 2017

Nunca peça desculpas por essas coisas! (Mesmo que ache que deva)

1. Nunca peça desculpas por amar alguém.
São poucos capazes de amar genuinamente alguém, comemore. Não importa quem você ama, mesmo se for platônico, o fato de que você tem essa capacidade de amar, é o que importa.

2. Nunca peça desculpas por dizer não.
Auto-respeito e conhecer suas limitações são muito importantes. Se você não puder dedicar-se completamente do seu tempo para algo, você não deve sentir-se culpado por dizer não. Grandes líderes tem enorme capacidade de dizer ”não”.

3. Nunca peça desculpas por seguir um sonho.
Seguir nossos sonhos é o que nos torna vivo. Não existe idade para ir atras de seus objetivos, são os sonhos que nos moldam. Se você contentar-se com o que tem e não com o que deseja, você será um eterno infeliz.

4. Nunca peça desculpas por tirar um tempo para si.
Cuidar de si é muito importante para a vida, tirar um tempo e ser feliz, dedicando-se apenas a suas necessidades.

5. Nunca peça desculpas por escolher suas prioridades.
Nunca deixe ninguém fazer você se sentir culpado por escolher suas próprias prioridades. Sempre cuide do que realmente importa em primeiro lugar. Se é importante para você, então é importante e o assunto dispensa maiores explicações. As pessoas que realmente importam respeitarão a sua decisão.

6. Nunca peça desculpas para terminar um relacionamento tóxico.
O único arrependimento que você deve ter por terminar um relacionamento tóxico é por não ter feito isso antes. Uma relação não prazerosa impede-o de alcançar seu potencial. Abrir mão dela não é algo para sentimento de culpa e sim para alívio.

7. Nunca peça desculpas por suas imperfeições.
É o que nos torna originais. Abrace-as e aceite.

8. Nunca peça desculpas por lutar.
Não abra mão de suas crenças, defender valores, moral e ética é sinal de determinação e liderança.

9. Nunca peça desculpas por não saber a resposta.
Todos estamos em busca constante por conhecimento, é isso que mantém nosso cérebro jovem, porém, infelizmente, nunca iremos alcançar o conhecimento pleno. E nesses momentos, em que não sabemos a resposta, devemos ser capazes de admitir, pois isso é um sinal de força e humildade

10. Nunca peça desculpas por ter grandes expectativas.
Ter grandes expectativas em alguém, não é motivo de culpa, apenas significa que você se importa o suficiente para empurra-los para frente.

11. Nunca peça desculpas por gastar dinheiro consigo mesmo.
Nunca peça desculpas por tratar-se de maneira especial. Comprar algo agradável para si melhora a auto-estima. As pessoas felizes e bem-sucedidas sabem que, se as compras forem algo saudável e não compulsivo, realizar seus próprios desejos pode ser um bom ingrediente para uma vida plena. O único cuidado é não se perder na sociedade consumista em que vivemos hoje.

12. Nunca peça desculpas pelos atos de outra pessoa.
Cada um é responsável por suas próprias ações e comportamentos. Você não precisa se desculpar por algo outro alguém fez, mesmo se você sentir que as ações de outra pessoa refletiram em cima de você através da associação.

13. Nunca peça desculpas por dançar mal.
Nunca diga que sente muito por não saber uma dança, ou por dança mal. Apenas dance! A alegria que a dança traz, vale qualquer constrangimento.

14. Nunca peça desculpas pelo atraso em sua resposta.
Nós não vivemos apenas para responder os outros, temos nossas obrigações, demora na resposta, não é sinal de não dar importância, as vezes existem outras prioridades ou emergências que devem ser cuidadas de imediato.

15. Nunca peça desculpas por dizer a verdade.
Pessoas brigam pela verdade, mas vivem constantemente na mentira, e quando o que falamos não é de seu agrado, nos acham rudes. Pessoas fortes dizem a verdade, por mais dolorosa que seja.

Reserve o “Sinto muito” para quando você realmente cometer um erro.

Via: lifehack.org – Trdução de:  Ademir Fábio Quinot Ströher


quarta-feira, 1 de março de 2017

A Tristeza Permitida

Por Martha Medeiros

Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? 


Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?

Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.

Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.

A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.

Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas.

“Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down...” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.

Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.
(In: Doidas e Santas. Porto Alegre: L&PM, 2008.)