Por Gilberto Antônio Silva
As pessoas passam a vida em busca de respostas, mas de modo
confuso e desordenado. Queremos na verdade um milhão de informações, quando
precisamos de apenas uma: a resposta a uma boa pergunta. Questionamento em
demasia é uma das coisas que os Mestres do Oriente mais detestam nos
ocidentais. Perguntamos sobre tudo, várias vezes, o tempo todo. No Oriente se
espera que as pessoas aprendam pela prática de seus exercícios e estudos, no
decorrer de um longo período de tempo.
Mas queremos saber tudo, já. E isto causa confusão. Se você
vai de avião para Fortaleza e quer saber se haverá uma escala em Salvador, não
precisa perguntar à simpática moça do guichê qual o modelo de avião, quantos
lugares tem, qual a velocidade, em qual altitude voará. Basta perguntar se
haverá escala em Salvador. Simples? Nem tanto.
Passamos a vida colecionando informações desnecessárias. E
hoje, com a sofisticação das comunicações, somos bombardeados com muito mais
informação do que precisamos para tomar nossas decisões. De fato, saber
selecionar informações úteis será o grande desafio deste século XXI.
Outro problema a ser enfrentado é que na maioria das vezes
em que procuramos alguma resposta, na verdade buscamos a confirmação de algo
que já temos na mente. Perguntar algo com o espírito sereno e imparcial é uma
das coisas mais difíceis para os seres humanos. Perguntar, esperando já uma
determinada resposta, conduz muitas vezes à desilusão e à frustração. O
perguntador sincero aguarda a resposta sem expectativas. O I Ching, por
exemplo, é uma ferramenta extremamente útil desde que se tenha esta postura
adequada ao se fazer a consulta. Muitos afirmam ser difícil interpretar o I
Ching. Eu digo que é muito fácil, perto da dificuldade de se fazer a consulta
com o espírito imparcial e escolher uma boa pergunta.
Ao buscar alguma informação pense sempre na pergunta. Ela
deve ser clara, simples e conduzir a uma resposta adequada. Sim, existem
perguntas que originam respostas confusas que não esclarecem nada.
Sempre que receber uma resposta estranha ou inadequada pense
se a pergunta foi bem formulada. Quem pergunta o que quer ouve o que não quer,
diz a sabedoria popular. Este é seu verdadeiro significado: quem pergunta
qualquer coisa ganha uma resposta que origina mais perguntas…
[ Texto extraído do livro “Reflexões Taoistas”, deste autor
]
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Gilberto Antônio Silva é Parapsicólogo, Terapeuta e
Jornalista. Como Taoista, atua amplamente na pesquisa e divulgação desta
fantástica cultura chinesa através de cursos, palestras e artigos. É autor de
14 livros, a maioria sobre cultura oriental e Taoismo. Sites: www.taoismo.org e
www.laoshan.com.br
Retirado de: http://www.deldebbio.com.br/2016/03/19/respostas-sem-perguntas-2/#more-21353