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domingo, 8 de setembro de 2013

Irena Sendler - O Anjo da Alemanha

"A razão pela qual resgatei as crianças têm origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade." (Irena Sendler)
 Durante a 2ª Guerra Mundial, Irena conseguiu uma autorização para trabalhar no Gueto de Varsóvia, como especialista de canalizações. Mas os seus planos iam mais além... Sabia quais eram os planos dos nazis relativamente aos judeus (sendo alemã!).
Irena trazia crianças escondidas no fundo da sua caixa de ferramentas e levava um saco de sarapilheira na parte de trás da sua caminhonete (para crianças de maior tamanho).
Também levava na parte de trás da camioneta um cão, a quem ensinara a ladrar aos soldados nazis quando entrava e saia do Gueto. Claro que os soldados não queriam nada com o cão e o ladrar deste encobriria qualquer ruído que os meninos pudessem fazer.
Enquanto pôde manter este trabalho, conseguiu retirar e salvar cerca de 2500 crianças.
Por fim os nazis apanharam-na. Souberam dessas atividades e em 20 de Outubro de 1943 Irena Sendler foi presa pela Gestapo e levada para a infame prisão de Pawiak, onde foi brutalmente torturada. Num colchão de palha, encontrou uma pequena estampa de Jesus com a inscrição: “Jesus, em Vós confio”, e conservou-a consigo até 1979, quando a ofereceu ao Papa João Paulo II.
Ela, a única que sabia os nomes e moradas das famílias que albergavam crianças judias, suportou a tortura e negou trair seus colaboradores ou as crianças ocultas. Quebraram-lhe os ossos dos pés e das pernas, mas não conseguiram quebrar a sua determinação. Já recuperada foi, no entanto, condenada à morte.
Enquanto esperava pela execução, um soldado alemão levou-a para um "interrogatório adicional". Ao sair, ele gritou-lhe em polaco: "Corra!".
Esperando ser baleada pelas costas, Irena, contudo, correu por uma porta lateral e fugiu, escondendo-se nos becos cobertos de neve até ter certeza de que não fora seguida. No dia seguinte, já abrigada entre amigos, Irena encontrou o seu nome na lista de polacos executados que os alemães publicavam nos jornais.
Os membros da organização Żegota ("Resgate") tinham conseguido deter a execução de Irena, subornando os alemães e Irena continuou a trabalhar com uma identidade falsa.
Irena mantinha um registro com o nome de todas as crianças que conseguiu retirar do Gueto, guardadas num frasco de vidro enterrado debaixo de uma árvore no seu jardim.
Depois de terminada a guerra tentou localizar os pais que tivessem sobrevivido e reunir a família. A maioria tinha sido levada para as câmaras de gás. Para aqueles que tinham perdido os pais, ajudou a encontrar casas de acolhimento ou pais adotivos.
Em 2006 foi proposta para receber o Prêmio Nobel da Paz... mas não foi selecionada. Quem o recebeu foi Al Gore por sua campanha sobre o Aquecimento Global.
Passaram já mais de 60 anos, desde que terminou a 2ª Guerra Mundial na Europa. Esta é uma celebração à memória de Irena e dos seis milhões de judeus, vinte milhões de russos, dez milhões de cristãos (inclusive nil e novecentos sacerdotes católicos ), quinhentos mil ciganos, centenas de milhares de seres humanos assassinados, massacrados, violados, mortos a fome e humilhados, com os povos do mundo muitas vezes olhando para o outro lado...
Agora, mais do que nunca, com o recrudescimento do racismo, da discriminação e os massacres de milhões civis em conflitos e guerras sem fim em todos os continentes, é imperativo assegurar que o Mundo nunca a esqueça.
Gente como Irena Sendler, que salvou milhares de vidas praticamente sozinha, é extremamente necessária.
A intenção desta celebração à memória de Irena Sendler é chegar a 40 milhões de pessoas em todo o mundo.
Una-se a nós e seja mais um elo desta cadeia comemorativa e ajudar a distribuí-la por todo o mundo... Por favor, divulgue, compartilhe, homenageie esse grande ser humano, fazendo com que seja lembrada, conhecida.

Retirado de:
http://temas-interessantes.no.comunidades.net/index.php?pagina=1646549836_12

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sábado, 7 de setembro de 2013

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Sobre o Amor Próprio

Dizei-me por obséquio: um homem que odeia a si mesmo poderá, acaso, amar alguém?
Um homem que discorda de si mesmo poderá, acaso, concordar com outro?
Será capaz de inspirar alegria aos outros quem tem em si mesmo a aflição e o tédio?
Só um louco, mais louco ainda do que a própria Loucura, admitireis que possa sustentar a afirmativa de tal opinião.
Ora, se me excluirdes da sociedade, não só o homem se tornará intolerável ao homem, como também, toda vez que olhar para dentro de si, não poderá deixar de experimentar o desgosto de ser o que é, de se achar aos próprios olhos imundo e disforme, e, por conseguinte, de odiar a si mesmo.
A natureza, que em muitas coisas é mais madrasta do que mãe, imprimiu nos homens, sobretudo nos mais sensatos, uma fatal inclinação no sentido de cada qual não se contentar com o que tem, admirando e almejando o que não possui: daí o fato de todos os bens, todos os prazeres, todas as belezas da vida se corromperem e reduzirem a nada.
Que adianta um rosto bonito, que é o melhor presente que podem fazer os deuses imortais, quando contaminado pelo mau cheiro?
De que serve a juventude, quando corrompida pelo veneno de uma hipocondria senil?
Como, finalmente, podereis agir em todos os deveres da vida, quer no que diz respeito aos outros, quer a vós mesmos, como, — repito — podereis agir com decoro (pois que agir com decoro constitui o artifício e a base principal de toda ação), se não fordes auxiliados por esse amor próprio que vedes à minha direita e que merecidamente me faz as vezes de irmã, não hesitando em tomar sempre o meu partido em qualquer desavença?
Vivendo sob a sua proteção, ficais encantados pela excelência do vosso mérito e vos apaixonais por vossas exímias qualidades, o que vos proporciona a vantagem de alcançardes o supremo grau de loucura.
Mais uma vez repito: se vos desgostais de vós mesmos, persuadi-vos de que nada podereis fazer de belo, de gracioso, de decente.
Roubada à vida essa alma, languesce o orador em sua declamação, inspira piedade o músico com suas notas e seu compasso, ver-se-á o cômico vaiado em seu papel, provocarão o riso o poeta e as suas musas, o melhor pintor não conquistará senão críticas e desprezo, morrerá de fome o médico com todas as suas receitas, em suma Nereu aparecerá como Tersites, Faão como Nestor, Minerva como uma porca, o eloquente como um menino, o civilizado como um bronco.
Portanto, é necessário que cada qual lisonjeie e adule a si mesmo, fazendo a si mesmo uma boa coleção de elogios, em lugar de ambicionar os de outrem.
Finalmente, a felicidade consiste, sobretudo, em se querer ser o que se é.
Ora, só o divino amor próprio pode conceder tamanho bem.
Em virtude do amor próprio, cada qual está contente com seu aspecto, com seu talento, com sua família, com seu emprego, com sua profissão, com seu país, de forma que nem os irlandeses desejariam ser italianos, nem os trácios atenienses, nem os citas habitantes das ilhas Fortunadas.
Oh surpreendente providência da natureza!
Em meio a uma infinita variedade de coisas, ela soube pôr tudo no mesmo nível.
E, se não se mostrou avara na concessão de dons aos seus filhos, mais pródiga se revelou ainda ao conceder-lhes o amor próprio.
Que direi dos seus dons?
É uma pergunta tola.
Com efeito, não será o amor próprio o maior de todos os bens?

(Erasmo de Rotterdam)