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sábado, 4 de janeiro de 2014

Bashô

"Bucchô, do mosteiro de Komponji, um monge de amplas leituras e profundas luzes, tornou-se o professor de Bashô.
Indo ao Templo de Chokeiji, em Fukagawa, perto de Edo, um dia, ele visitou o poeta, acompanhado por um homem chamado Rokusô Gohei.
Este, ao entrar no quintal da choça de Bashô, gritou:
— Como vai a Lei de Buda neste jardim quieto com suas árvores e ervas?
Bashô respondeu:
— Folhas grandes são grandes, folhas pequenas são folhas pequenas.
Bucchô, então, aparecendo, disse:
— De uns tempos pra cá, qual tem sido o seu empenho?
Bashô:
— A chuva em cima, a grama verde está fresca.
Então, Bucchô perguntou:
— O que é que era esta Lei de Buda, antes que a grama verde começasse a crescer?
Nesse momento, ouvindo o som de um sapo que pulava na água, Bashô exclamou:
— O som do sapo saltando na água.
Bucchô ficou cheio de admiração a esta resposta, considerando-a uma evidência do estado de iluminação atingido por Bashô."


Retirado de Matsuó Bashô - A Lágrima do Peixe" de Paulo Leminski, 104 páginas. Editora Brasiliense - Coleção Encanto Radical (vol.40) - Ano: 1983.

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