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sábado, 20 de março de 2010

Considerações sobre a Vida e o Tao VIII

VIDA
Antes do agora
Na volta do tempo
Marca a curva além
De tristes pegadas no chão.
Passos cambaleantes
Pela trilha aberta
Nesta montanha fechada,
Abafada.
Agoniante avanço
Enveredando pela ramagem
Lentamente.
Aguçados sentidos,
Mas insuficientes
Para vislumbrar
O Verdadeiro Caminho.
(Dimas de fonte)

LEMBRA-TE
Todo aquele que conhece o caminho e o segue
Tem dentro de si a certeza
De que todas as manifestações,
Sejam boas ou ruins
Tendem a tornarem-se os seus opostos
Quando atingem o clímax.
Tudo está sujeito a uma Lei Maior.
O trabalho diligente e harmonioso
Junto com a persistência, são as armas
Da conquista por direito  do seu bem estar.
Nisso repousa a esperança.
Após a noite vem o dia.
Após a chuva vem o sol.
A consciência consiste
Em manter-se coeso nos momentos ruins
Para desfrutar melhor
Os bons momentos que virão.
Não transforme sua vida em cacos
Para não ter o trabalho de catá-los
Quando precisá-la inteira.
O homem sábio
É aquele que vive a vida
E não é vivido por ela.
(Dimas de fonte)


CINZEL
Se as mãos moldassem o sonho
E com o barro o realizasse
Talvez tudo fosse melhor

Mas os sonhos não se moldam
Como o barro não solidificam
O trabalho é o único meio
E a técnica e seu veículo

O veio da mina
O seio das lutas
A vala das conquistas
O celeiro das vitórias
(Dimas de fonte)


ALIENISMO
Foguetes que levam o homem ao céu
Sonhos de plástico numa cidade de aço
Descem como borbulhas em véu
Indiferentes ao erro crasso

Significam tanta coisa
Pretextos múltiplos para explicar
Razões loucas de uma vida louca
De que tentam em vão escapar

E dentro do templo do corpo
A real alma da mente
Assiste impassível
O homem torna-se demente
E irreconhecível

Em qualquer lugar
O que mata e o excesso
Levado como parte do todo
Começo do fim de um processo
Que termina para começar de novo
(Dimas de fonte)


VERDADES PERDIDAS
Os meios-termos
Das meias verdades que vejo
Trazem confusão para mim
Inconstante legado
Voltas de uma roda sem fim
Antes até que entendesse
Depois de ver meu semblante
Talvez nunca soubera
Do meu verdadeiro eu
Se algo de mim jaz distante
Em constante fluxo
Tantas formas
De pensamentos desencontrados
Tentativas vãs de saber
De conhecer
O que só em livros li
O equilíbrio dos sábios
A certeza dos hierofantes
A trilha do homem ideal
(Dimas de fonte)


LEVE
Dê-me seus olhos
E na volátil figura
Pouse sua visão
Busque ousadamente
Perceber o meu amor
Ainda não o sentes
Embora permaneça ao teu lado
Embora te agrade
E preocupe-me sempre
Creio que não me amas
Não tanto quanto eu

Dê-me seus olhos
E na volátil figura
Pouse a sua visão
Encante os sentidos
Com místicos vapores
Do pensamento
Ande sobre as pedras
E num milésimo de segundo
Compreenda a vida
Sobre as nuvens
Fique de pé e sonhe
Com coisas que nunca
Pensou existir
(Dimas de fonte)


COMO UM EREMITA
Enclausurado em minha solidão
Faz-me sofrer coisas que tais
Aqui dentro traz-me lembranças
Entre lembranças
Mais aqui sozinho vejo tudo
Jogando a luz que posso
De minha caverna
Aqueles que vem a mim
Aquecem-se no meu fogo
Ouvem as minhas palavras
Depois se vão
Não são todos que podem
Sonhar e pensar
Como um eremita
(Dimas de fonte)


PORQUE ESSA DOR NO PEITO
PELO BALBUCIAR IMPRECISO
DE UM MUDO?
O frêmito de não poder falar
O ousado arremessar de sons
Acerca do normal
E na vida normal
Quanto mostra de nós
Na presença desse mudo
Velho e encanecido
Fluente do seu silêncio
Vivo nos olhos e coração
Sabe mais ou tanto
Quanto alguém que possa falar
E fala demais
(Dimas de fonte)


PERGUNTA AO MESTRE
- Dize, ó sábio
  Onde mora a certeza
  Onde vive a razão?
- Respondo-te meu filho:
  A certeza está no coração
  E a razão na luz do Tao
  Que permeia a tudo
  Sem deixar-se macular
(Dimas de fonte)

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